quinta-feira, 30 de junho de 2011

Nossos tempos



As pessoas são solitárias porque constroem
paredes ao invés de pontes.

Joseph Newton


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Clariceando...




"Cada ser humano recebe a anunciação: e, grávido de alma,
leva a mão à garganta em susto e angústia.
Como se houvesse para cada um, em algum momento da vida,
a anunciação de que há uma missão a cumprir. A missão não é leve:
cada homem é responsável pelo mundo inteiro."

Clarice Lispector
In "A Descoberta do Mundo"


terça-feira, 28 de junho de 2011

Entre livros




No livro dorme quieta
a palavra.
Pelo olhar
ela desperta.

Maria da Graça Landell de Moura

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pássaros solitários



Do lado de um imenso muro de pedras voava um pássaro, como sempre sozinho, pensando na sua eterna solidão. Do outro lado do mesmo muro outro pássaro também voava e lamentava o seu interminável isolamento.
Mas do alto de uma nuvem, bem acima de qualquer muro, dois anjos observavam a cena. Um dos anjos comentou:
- Veja que maravilha! Que sincronismo de vôo! Isto é o verdadeiro amor.
O outro anjo questionou:
- Será que eles nunca se encontrarão?
O primeiro anjo respondeu:
- É claro que sim. Olhe, lá adiante, o fim do muro. Todo muro tem um fim.
E completou:
- Mas se eles se arriscassem a voar mais alto, acima do muro, poderiam se encontrar hoje mesmo.

Valmor Vieira


Crédito da imagem: fotografia de Tyler Knott's no Flickr


domingo, 26 de junho de 2011

Manhãs de domingo



É preciso morder e saborear devagar...
O mundo é delicioso!
Quantos sabores ele tem!
O mundo tem o sabor de cereja,
do vento, da água , do caqui, da pimenta...
O escritor sagrado era sábio e experiente:
"Há mel debaixo da sua língua..."
Sentir o sabor é uma forma de fazer amor com o mundo..

Rubem Alves


Saboreie o seu dia... se lambuze!


Bom domingo!


sábado, 25 de junho de 2011

A tua mão apertando a minha



..."O que há de mais importante no mundo é o gesto de tua mão apertando a minha.
Isto significa muito mais do que a compaixão, a hospedagem ou o pão e o vinho oferecidos.
Porque a hospedagem termina quando a noite se vai e o pão só dura um dia.
Mas o roçar da mão e o som da voz vivem para sempre na alma..."

Spencer M. Free


Crédito da Imagem: fotografia de Lumatic's no Flickr


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Beleza feminina


"Ó beleza! Onde está tua verdade?"
- William Shakespeare -

"A beleza é tão misteriosa quanto terrível. É uma luta entre Deus e o demônio tendo
por campo de batalha o coração do homem."
- Dostoiévski -


"Um rosto bonito é o mais bonito dos espetáculos."
- La Bruyère -


A mulher que declara: "pouco se me dá que me achem bela", é mentirosa
- Madame de Scudery -

"Mulher, confia cautelosamente na beleza, pois ela é enganadora."
- Ovídio -


"Um dos primeiros efeitos da beleza feminina sobre um homem é o de tirar-lhe a avareza."
- Italo Svevo -



quinta-feira, 23 de junho de 2011

Clariceando...



"Um domingo de tarde sozinha em casa dobrei-me em dois para a frente - como em dores de parto - e vi que a menina em mim estava morrendo. Nunca esquecerei esse domingo. Para cicatrizar levou dias. E eis-me aqui. Dura, silenciosa e heróica.
Sem menina dentro de mim."

Clarice Lispector


quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dicionário de sentimentos


PESSIMISMO:

É quando a gente perde a capacidade de ver em cores.

Luiz Gonzaga Pinheiro


Credito da imagem: fotografia de Rosie Hardy, no Flickr


terça-feira, 21 de junho de 2011

Nossos tempos


Onde fala a fé


Em Cairo,
assim como os fiéis se
voltam para Meca,
nos terraços
nos telhados
no alto dos edifícios
as antenas de televisão se voltam
numa única direção
para melhor captar as mensagens
dos novos deuses.

Marina Colasanti
in Passageira em Trânsito



Crédito da imagem: fotografia de Cristiano de Jesus, no Flickr

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Entre livros



“Um livro
é como uma janela.
Quem não o lê,
é como alguém
que ficou distante da janela
e só pode ver
uma pequena parte
da paisagem.”

Kahlil Gibran


domingo, 19 de junho de 2011

Manhãs de domingo



"Cada haste da relva tem seu Anjo,
que se inclina sobre ela e sussurra:
Cresce, cresce!"

Talmude


Renove-se!
Bom domingo! Boa semana!


sábado, 18 de junho de 2011

Dentro de você... a doçura.



"Existem pessoas como a cana.
Mesmo postas na moenda, reduzidas a bagaço
Só sabem dar doçura."

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Fernando Vicente e suas Pin-Ups


Elas estão em toda parte... com beleza e arte!

As "pin-ups" de Fernando Vicente:


Pin-up em ilustração de Fernando Vicente.
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Fernando Vicente é um premiado artista espanhol que mistura pintura e ilustrações. Entre seus diversos trabalhos para publicações conhecidas internacionalmente como as revistas Cosmopolitan e DT e o jornal El País, destacam-se as belas e sensuais ilustrações de Pin-ups:
.


Veja mais aqui.

.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O homem amado


Billie Holiday
Lover Man
1945



"Na minha cabeça ressoava Lover Man, essa canção fabulosa, tal como Billie Holiday a canta; tive o meu concerto privativo no meio do mato:

Someday we'll meet, and you'll dry all my tears, and whisper sweet, little things in my ear, hugging and a-kissing, oh what we've been missing, Lover Man, oh where can you be...

Não é tanto pela letra, mas mais pela maniera como Billie a canta, dando a impressão de uma mulher que acaricia o cabelo do seu homem à luz suave de um candeeiro."

Jack Kerouac, Pela Estrada Fora
tradução de Armanda Rodrigues e Margarida Vale de Gato
Lisboa: Relógio D'Água, 1998, p. 132.


Ela é incomparável!


quarta-feira, 15 de junho de 2011

Clariceando...



Eu queria escrever luxuoso.
Usar palavras que rebrilhassem molhadas e fossem peregrinas.
Às vezes solenes em púpura, às vezes abismais esmeraldas,
às vezes leves na mais fina seda macia.

Clarice Lispector


terça-feira, 14 de junho de 2011

Nossos tempos



“O que me impressiona,
à vista de um macaco,
não é que ele tenha sido nosso passado:
é este pressentimento
de que ele venha a ser nosso futuro.”

Mário Quintana


segunda-feira, 13 de junho de 2011

Entre livros



"Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria."

Jorge Luís Borges



domingo, 12 de junho de 2011

Namorar...


Pois namorar não é só juntar duas atrações, no velho estilo ou no moderno estilo, com arrepios, murmúrios, silêncios, caminhadas, jantares, gravações, fins-de-semana, o carro à toda ou a 80, lancha, piscina, dia-dos-namorados, foto colorida, filme adoidado, rápido motel onde os espelhos não guardam beijo e alma de ninguém.


Namorar é o sentido absoluto que se esconde no gesto muito simples, não intencional, nunca previsto, e dá ao gesto a cor do amanhecer, para ficar durando, perdurando, som de cristal na concha ou no infinito.


Carlos Drummond de Andrade


sábado, 11 de junho de 2011

Antecipando o dia de amanhã...



“Sou apenas um pedaço de mim
O meu todo se faz com você.”

Jaak Bosmans


Imagem de Michael Tienzo

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A arte da escuta



“Escutar é simplesmente manter um dialogo convencional, passageiro.
Ouvir porém é embrenhar-se na troca d'alma para alma
em que a essência realmente age sintonia e inspiração"

Batuíra


quarta-feira, 8 de junho de 2011

Clariceando...


...
chorou livremente, como se esta fosse a solução. As lágrimas
corriam grossas, sem que ela contraísse um só músculo da face.
Chorou tanto que não soube contar. Sentiu-se depois como se
tivesse voltado às suas verdadeiras proporções, miúda, murcha, humilde
serenamente vazia.

Clarice Lispector


terça-feira, 7 de junho de 2011

Um olhar - Bete Davis


"Para a mulher, o olhar de outra mulher é mais eloqüente do que um espelho."
(Nina Yomerowska)


Sabe-se lá o que há por trás dos olhos de Ruth Elizabeth Davis...

Atrás do eterno cigarro levado a boca e de um copo de dry martini, seu gélido olhar era capaz de fulminar qualquer mortal que atravessasse seu caminho.

O que há por trás de olhos de Bette Davis? Pode ser que seja maldade... pode ser pura inteligência e criatividade, marca dos super-dotados e irascíveis....

Ela nasceu num dia de tempestade, entre relâmpagos e trovões, na ressonância do mundo. Ela própria é um destes elementos da natureza: tempestuosa, retumbante. Veio do céu como uma estrela cadente para nos afirmar que a alma tem razões que a mente desconhece.

Certamente dentro daqueles olhos existe um bicho inquieto, preso, pronto a saltar sobre quem se atrever a mergulhar em seu mistério, por trás de uma jaula inviolável de vidro fumê... Pode-se admirar sua bela pelagem, temer suas garras afiadas. Mas não se deixe hipnotizar pela luz deste olhar, pois se transformará em pedra...

Nunca uma atriz falou tanto com um simples olhar... A cantora pop Kim Carnes homenageou Miss Davis com uma música que alcançou o topo das paradas mundiais: "Bette Davies Eyes".



Miss Davis resume em si todas nós, mulheres comuns ou não... personificou as fortes, as decididas, as ardilosas e sem escrúpulos. Por isso sua imagem inspira maldade - pelo menos no cienama. Sua história - marcada pelo divórcio dos pais e pelo abandono paterno - mescla o talento inegável com faíscas de perseverança. Praticou ambos: quatro divórcios e vários foram os homens que foram abandonados por ela:

“Nenhum dos meus maridos foi homem suficiente para se tornar Mr. Bette Davis”
(disse num testemunho em tribunal, o primeiro deles, o músico Harmon Oscar Nelson Jr, viu provada a alegação de ‘crueldade mental’ infligida por Bette como motivo de divórcio).

Colocava sempre a carreira e arte acima de tudo e de todos. Enfrentou estúdios - foi quem mais lutou para se libertar dos contratos da "Idade de Ouro" de Hollywood. Foi uma dessas atrizes cujo nome ou a simples presença era maior que a própria tela.
Enfrentou solitariamente o machismo imperante em sua época:
“O ego dos homens é elefantino”, dizia, não escondendo ter sido fisicamente agredida por cada um dos seus quatro maridos.


Bete nunca se intimidou perante os padrões de beleza de Hollywood. A beleza clássica de Greta Garbo, Joan Crawford (sua arqui-inimiga) ou Lanna Turner nunca foi páreo para ela. Lutou e se impôs, pelo talento e pela arte, acima destes padrões. Carl Laemmle Jr., diretor da Universal, quase acabou com sua carreira antes de começar, com o infeliz comentário:
“Um protagonista ficar com Bette no final do filme é tudo menos um ‘happy end’”.

Lutou ainda contra as deusas da época, como uma trigresa enfrentava as gazelas. Ficaram famosas suas brigas com Miriam Hopkins e Susan Hayward. Mas foi a guerra de trinta anos contra Joan Crawford que se tornou lendária. Seu veneno destilou sobre a atriz:
“Não lhe mijava em cima nem que ela estivesse a arder”.

A fera por trás dos olhos muda de pele toda noite...


Em "Escravos do Desejo" - John Cromwell, 1934), vestia a pele de uma felina quente em teto de zinco... uma prostituta com coração de enxofre que leva à desgraça o homem que por ela se apaixona.

Em “Jezebel” - de William Wyler, 1938 - pergunto: há algum vestido a preto-e-branco mais vermelho do que o usado por Miss Davis no baile de “Jezebel”?


Em “Vitória Amarga” - de Edmund Goulding (1939) - ela é um tigre subitamente exausto, a menina do jet-set diagnosticada com um tumor cerebral incurável, em busca da felicidade.

Em “A Carta” - de William Wyler, 1940 - transforma-se em coruja, ocultando a frustração e o desejo no calor impossível das plantações malaias.

Em “Pérfida” - de William Wyler, 1941 - exibe-se como uma tarântula, comendo os restos de uma família sulista na virada do século passado.

Em “A Estranha Passageira” - de Irving Rapper, 1942 - passa de lagarta a borboleta pela varinha mágica de Claude Rains — “why ask for the moon when we have the stars?”.

E assim vai ela, através dos filme, de grandes cenas... Miss Davis não para até meados dos anos 40, numa sucessiva série de grandes interpretações como Hollywood jamais conheceu.

Depois de uma breve pausa, em 1950 ela reaprece em "A Malvada" - de Joseph L. Mankiewicz - certamente seu filme mais popular - onde veste a pele de um cisne negro disposto a se sobrepor à antiga rainha do lago... uma falsa inocente preparando a trapaça.

Depois, para sobreviver, fez um pouco de tudo, desde westerns de segunda categoria, melodramas pouco recomendáveis, thrillers, e algumas incursões no mais puro grand guignol —“O que terá acontecido a Baby Jane?”, onde atua ao lado da velha rival Crawford, e transforma a vida dela em trevas durante a filmagem.


Em seus vários papéis, Miss Davis assombra-nos com seus olhos - que tanto nos fazem chorar por ela como chorar dela.
Ao descer as escadas da mansão na última cena de "Vaidosa" - de Vincent Sherman, 1944 - os olhos de Bette Davis irradiam a fragilidade de uma vida de aparências... ao contrário das cenas de "Morte Sobre o Nilo", onde os mesmos olhos transmitem um medo mortal.

Dona de interpretações inesquecíveis, quem de nós, simples mortais, não queríamos, ao menos uma vez na vida, ser Bette Davis?
Afinal, não é bom falar o que se está pensando?... Ela falava.
E sinceramente olhar com desprezo para quem não gostamos... Ela olhava.
Informalmente destilar um suave veneno e sair zombando.... Ela fazia.
Fazer-se de vitima e ao mesmo tempo ser uma cobra peçonhenta. Sempre foi seu melhor papel.
Inventar fofocas e intrigas e dizer sonsamente: "Só estou dando uma idéia."
Destruir a moral do companheiro com palavras duras e ainda dizer: "Digo isso para o seu bem, porque sou sua amiga..."
Calmamente deixar morrer alguém no pé da escada (como na antológica cena em que deixa seu marido morrer a míngua no filme ‘Pérfida”)
Ter o sangue frio como o olhar e matar com seis balas no peito o amante que ameaçava deixá-la, no filme "A Carta"... Servir um delicioso prato de "rato com cebolas" à irmã paralítica: só Bette Davis faria!


Famosa pelos excessos e pelo egocentrismo e marcada por sua sonora gargalhada, é difícil esquecer sua grande energia e o milagre de suas metamorfoses. A jaula de vidro de onde a fera Miss Davis nos fita ainda hoje, não é capaz de contê-la... Seu talento faz com que seja adorada, admirada em seu todo: a febre, a faca, a flama, a fúria, sua arte maior do que a vida.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Entre livros



O Livro Desconhecido

Estou à procura de um livro para ler. É um livro todo especial. Eu o imagino como a um rosto sem traços. Não lhe sei o nome nem o autor. Quem sabe, às vezes penso que estou à procura de um livro que eu mesma escreveria. Não sei. Mas faço tantas fantasias a respeito desse livro desconhecido e já tão profundamente amado. Uma das fantasias é assim: eu o estaria lendo e de súbito, a uma frase lida, com lágrimas nos olhos diria em êxtase de dor e de enfim libertação: " Mas é que eu não sabia que se pode tudo, meu Deus!"

Clarice Lispector
em " A Descoberta do Mundo"

domingo, 5 de junho de 2011

Manhãs de domingo




... E Deus criou as flores
e agradando-se da obra pensou:
- E se, além de belas, coloridas
e delicadas, voassem?
E, então, criou as borboletas.

Lenise Marques



Bom domingo!



sábado, 4 de junho de 2011

Basta um olhar



E eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada.
A linguagem é uma fonte de mal-entendidos.
Mas, a cada dia, te sentarás mais perto...

Antoine Saint-Exupéry


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Anita Travadel



As pinturas a lápis da francesa Anita Travadel exalam poesia... Num misto de talento e beleza a artista encanta através de suas telas.


Em cores suaves e leves, seus desenhos são absolutamente perfeitos. A simplicidade dos traços aliada à beleza das cenas retratadas alegram os olhos e o coração.


O refinado estilo de Anita mistura a técnica profissional com um delicado e sutil mistério, que vai muito além do que os olhos vêem.


A luz que emana de suas obras transmite uma sensação de serenidade...







Veja mais de Anita Travadel aqui.


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