E quando eu me lembrava de que no dia seguinte o mar se repetiria para
mim, eu ficava séria de tanta ventura e aventura. Meu pai acreditava que
não se devia tomar logo banho de água doce: o mar devia ficar na nossa
pele por algumas horas. Era contra a minha vontade que eu tomava um
chuveiro que me deixava límpida e sem o mar. A quem devo pedir que na
minha vida se repita a felicidade? Como sentir com a frescura da
inocência o sol vermelho se levantar? Nunca mais? Nunca mais. Nunca.
Clarice Lispector
Clarice Lispector
Banhos de Mar
Fotografia de Dalva Nascimento

Nenhum comentário:
Postar um comentário