segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Ilha dos lobos

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Mulheres que correm com os lobos, livro da psicanalista Clarissa Estés, aborda um tema que não só mulheres, mas homens também, defrontam-se diariamente: as conseqüências da domesticação.
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Diz o livro que nossa grande tarefa é decidir sobre o que devemos deixar viver e deixar morrer dentro de nós. Levando-se em conta que nascemos com uma carga considerável de selvageria em estado bruto, o dilema estaria em desenvolver as qualidades que nos possibilitam interagir civilizadamente em sociedade, sem perder os instintos com os quais nascemos e que nos personificam.
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“Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas”. Clarissa Estés conclui assim o prefácio de seu livro, fazendo os leitores salivarem diante do que vem pela frente. E o que vem não é uma historinha sobre Tarzan, Mogli ou Rômulo e Remo,e sim a história de todos nós, nascidos na selva de concreto, onde há leis bem estabelecidas
e punições para quem não as obedece. Leis que não estão escritas em lugar algum, que foram sancionadas pelo inconsciente coletivo e que estimulam a parecência de todos.
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No entanto, “aproximar-se da natureza instintiva não significa desestruturar-se, não significa perder as socializações básicas, ou tornar-se menos humana. A natureza selvagem possui uma vasta integridade”.Homens e mulheres são convidados a deixar morrer, dentro de si, uma libido que, normalmente, é livre e abrangente.
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Deixamos morrer, também, uma curiosidade por trilhas vicinais que nos tentam e nos assustam,
sobrando como opção o caminho já desbravado pelos outros, devidamente asfaltado e sinalizado.
Deixa-se morrer a fome pelo novo, a coragem para enfrentar dificuldades, os sonhos aparentemente inacessíveis.
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Dia após dia, civiliza-se o lobo dentro de nós. O grande desafio é conseguir fazer boas opções na vida sem alienar-se. É seguir os rituais comuns a todos os seres de duas patas, sem que seja preciso amputar as outras duas, pois só elas conhecem o caminho que leva à liberdade e ao instinto, dois lugares que não precisamos freqüentar com assiduidade, mas que é bom saber onde ficam, para o caso de um dia precisarmos voltar para buscar a parte de nós que deixamos para trás.
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Desconheço a autoria

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