segunda-feira, 1 de setembro de 2008

As escolhas de uma vida

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A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz:
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"Nós somos a soma das nossas decisões".
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Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu.
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Compartilho do cepticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso. Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".
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Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances.
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Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades. As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços… Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista?
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Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.
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Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o autoconhecimento.
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Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos.
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Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é.
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Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho:
ninguém é o mesmo para sempre.
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Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido.
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A estrada é longa e o tempo é curto.
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Texto de Martha Medeiros

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