O COMPROMISSO
Autor: Herta Müller
Editora: Globo
Ano: 2004
1ª Edição
Número de páginas: 204
Li este liro no mês de maio passado e confesso que a única indicação que tinha era o Prêmio Nobel da autora (2009) e o resumo da contra-capa.
O livro conta a história de uma personagem (em nenhum momento o nome dela é citado, daí a impressão que nos passa de que é uma espécie de autobiografia) que vivia na Romênia, no período do regime totalitário de Nicolau Ceausescu (entre 1974 e 1989).
Sente-se claramente que a história é uma forma de resgatar o passado através de experiências pessoais da própria autora, que viveu este momento adverso e humilhante em sua própria pele, num país dominado pelas trevas do regime comunista.
Os personagens principais, apesar de ocultos - mas nem por isso menos sinistros - são o Partido Comunista Romeno e a Polícia Secreta (Securitate), representada aí pelo Sr. Albu, que era o encarregado de interrogar e aterrorizar mulheres que estavam sob suspeita de traição à Pátria.
A protagonista é uma costureira que trabalha numa confecção de roupas masculinas e descobriu-se que ela colocava dentro dos bolsos das calças que confeccionava um bilhete que dizia:
"CASE-SE COMIGO",
juntamente com o seu endereço. A partir desta descoberta, num clima marcado pela violência e pela coação ela é sempre convocada para depor, quatro ou cinco vezes por semana, sempre às dez horas da manhã.
E é em torno deste compromisso que se desenrola o enredo do livro. No dia marcado, na hora marcada, no trajeto entre a sua casa e o local do interrogatório, tudo reflete o grau de desespero de um país asfixiado pelo totalitarismo - o condutor do bonde, as pessoas que entram e saem do vagão, as paisagens, as coisas.
Herta descreve uma vida onde as oportunidades são raras e a confiança no outro é praticamente nenhuma e onde a delação tornou-se uma instituição. Mostra-nos um país onde o alcoolismo é uma opção para suportar uma rotina deprimente e assustadora, bem como as dificuldades para se adquirir bens, sejam eles essenciais - como um prato de comida decente - ou supérfluos - como uma sapato novo.
Vale notar que a tradução do livro foi feita por Lya Luft, fato em si que já é uma excelente recomendação.
É um livro franco e intimista, e eu recomento.
2 comentários:
Que boa dica Dalva
vou anotar pra adquirir, só que preciso filtrar mais ainda meu tempo.
Se estou online leio fragmentos deles por aqui e cadê aquele bom aconchego na cama numa leiturinha boa e recomendada assim?
deusdoceu !! rsrs
abraços
Fiquei com vontade de ler. A capa também é atraente!
Bjs
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