terça-feira, 9 de outubro de 2018

Fim de caso



"É interessante observar que os homens falam tão bem e tão demoradamente de coisas fúteis, mas são tão parcos em relação às coisas do amor. A nossa bela história está a chegar ao fim, não é verdade? Já o sabemos há muito, mas ainda não tínhamos encontrado palavras para o exprimir. Talvez por preguiça, seguramente por falta de ardor ... Porventura também por medo. Gostaria, porém, que verbalizássemos a situação. Não quero que a nossa história se atole. Deve permanecer leve, como no início. Leve, bonita e memorável!
(...)
Haverá sempre uma parte de ti que me amará, assim como ocuparás sempre um lugar especial no meu coração. Mas já passou o tempo do amor, compreendes? Já não consegue crescer nem desabrochar. Resta-lhe estiolar-se aos poucos, o que pretendo evitar.
Devemos restituir-nos a liberdade, antes de começarmos a inventar mentiras mais ou menos mesquinhas, a desfiar as pequenas cobardias quotidianas, tão banais, tão medíocres. Porque não havemos de ganhar coragem suficiente para reconhecer que está tudo acabado entre nós, que a nossa história foi breve mas intensa, mas que os nossos caminhos divergiram e que decidimos pôr-lhe termo, hoje, um dia bonito, em que tudo à nossa volta está calmo e nos amamos tão bem ontem à noite?"

Theresa Révay
em "As Luzes Brancas de Paris"

Arte by Maria Amaral


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