segunda-feira, 3 de junho de 2019

Manhã modorrenta *



Acordar cedo. Quem acordou também? Deixa-me ver. O sacristão, pois alguém badala o sino, a sonoridade se esvai como cachoeira de águas frias escorrentes pelo vale. Ah, mamãe gambá, com seus gambazinhos agarrados às costas atravessou a rua. Em que forro dona gambá habita? o bem-te-vi se apresentou ao nascer do dia: o que ele viu, que tanto algaravia?

Sim, algumas nuvens acordadas, uma brisa que perpassou a janela, os objetos parecem atentos, veja o copo ainda molhado, letárgico, mas bem disposto. Os adornos da casa resistem, não os sinto acesos e ativos. Modorrentos, só se despertam por volta das oito horas. As cadelinhas, niente, niente, dormindo plenamente.

Vozes ao longe, desconfio que é um ônibus de partida, caminhões com trabalhadores rurais, olhal á, quem diria, aquele moço saindo da casa de...cala-te boca, nada tenho com isso, houvera de que a noite tenha sido pura diversão, o viver é que é importante. Algum amor para aguentar a barra.

Bem sei que daqui a pouco as lojas sobem suas portas e começa o frenesi. Não é lá um frenesi daqueles, é calmo, na verdade frenesi nenhum, anda faltando fregueses, mas um ou outro aparece, compra pão, ou leite, ou toma um café expresso, algumas lojas já nem abrem mais suas portas neste país de sonhos interrompidos.

Que dia é hoje? Que país é esse? Ah, sim, alembrei-me. Ainda com a cabeça em maresia. Mas estas cores que despontam no alto das montanhas, sabe, elas nos fazem crer que alguma coisa é possível para além do desalento. Não, ainda não, por favor, não me mostrem as manchetes. Não leio notícias quando a aquarela do empíreo se exibe. Depois, sim, depois a gente conversa e fica sabendo das novidades.

Que sejam amenas. Bom dia!


José Antonio Abreu de Oliveira



* o título é sugestão minha

Imagem da Web




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