terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Dos meus filmes


 Beleza americana, 1999




Este é um filme onde tudo é perfeito, onde tudo se encaixa milimetricamente formando uma sinfonia arrebatadora.

Atuações mais que perfeitas em personagens marcantes!


Lester (Kevin Spacey)

"Sabe quando você sente que ficou em coma durante vinte anos?"


Carolyn (Anette Bening)

Ela e suas rosas, as American Beautys perfeitas, bonitas, porém sem perfume, uma perfeita alusão à superficialidade e hipocrisia da sociedade americana conservadora. 

Uma flor perfeita esteticamente, porém sem perfume. A rosa cultivada por Carolyn acompanha as fotos da família e decora a mesa durante o jantar de uma família destruída.


As rosas, o mais conhecido motif do filme, são sempre vermelhas, associadas a paixão e a violência. E há o duplo sentido de seu uso, já que, se para Lester elas surgem relacionadas à Angela (paixão), elas também são cultivadas por sua esposa, o que por si só expõe a busca de Lester por substituir a paixão juvenil dos tempos em que conheceu Carolyn.


 O desejo sexual por Ângela sempre representado na presença, no quadro, das rosas vermelhas cultivadas por Carolyn, uma materialização tanto da fantasia do homem de meia idade em crise como obsessão sexual da adolescência e da repressão sexual hipócrita do seio familiar. Lester transfere seus impulsos sexuais da esposa distante para a Lolita mitificada.





 Ricky (Wes Bentley)

"Foi naquele dia que eu descobri que existe vida por trás das coisas e essa força benevolente que me fazia sentir que não precisava ter medo de nada...nunca!
Sabe às vezes eu sinto que tem tanta beleza no mundo!" 



"Eu sempre ouvi dizer que a sua vida inteira passa diante dos seus olhos como num flash, no segundo que antecede a sua morte. Primeiro: esse "segundo" não é só "um segundo". Ele se estica pra sempre, como num oceano de tempo. Pra mim, foi como estar deitado no acampamento de escoteiros, olhando estrelas cadentes... e as flores amarelas das árvores da nossa rua... ou as mãos da minha avó, e o jeito como a pele dela parecia pergaminho... a primeira vez que eu vi o Firebird novinho do meu primo Tony. E a Janie... e a Janie. E... Carolyn. Acho que eu deveria estar muito puto pelo que aconteceu comigo. Mas é difícil ficar bravo, quando há tanta beleza no mundo. Às vezes eu sinto como se estivesse a vê-la de uma vez só, é demais, meu coração se enche como um balão prestes a estourar. Então, eu me lembro de relaxar, e parar de tentar agarrá-la, e então ela flui através de mim, como chuva. E eu não consigo sentir nada além de gratidão por cada pequeno momento da minha vidinha miserável. Vocês não tem ideia do que eu estou falando, tenho certeza. Mas não se preocupem... um dia vocês terão. "
  
Fala final do filme, por Lester 




E é particularmente bonita a forma como Ricky se debruça para observar os olhos perdidos de Lester, complementando o que ele diz muito antes a Jane, sobre seu hábito de filmar pássaros mortos ou mesmo a moradora de rua que ele viu morrer congelada. 

“Quando se vê algo assim, é como se Deus estivesse nos olhando por um segundo. E, se prestar atenção, pode fazer o mesmo”. 

Ali, pela primeira vez, Ricky contempla o olhar de Deus sem o filtro de uma câmera. E sorri...







Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

...