Beleza americana, 1999
Este é um filme onde tudo é perfeito, onde tudo se encaixa milimetricamente formando uma sinfonia arrebatadora.
Atuações mais que perfeitas em personagens marcantes!
Lester (Kevin Spacey)
"Sabe quando você sente que ficou em coma durante vinte anos?"
Carolyn (Anette Bening)
Ela e suas rosas, as American Beautys perfeitas, bonitas, porém sem perfume, uma perfeita alusão à superficialidade e hipocrisia da sociedade americana conservadora.
Uma flor perfeita esteticamente, porém sem perfume. A rosa cultivada por Carolyn acompanha as fotos da família e decora a mesa durante o jantar de uma família destruída.
As rosas, o mais conhecido motif do filme, são sempre vermelhas, associadas a paixão e a violência. E há o duplo sentido de seu uso, já que, se para Lester elas surgem relacionadas à Angela (paixão), elas também são cultivadas por sua esposa, o que por si só expõe a busca de Lester por substituir a paixão juvenil dos tempos em que conheceu Carolyn.
O desejo sexual por Ângela sempre representado na presença, no quadro,
das rosas vermelhas cultivadas por Carolyn, uma materialização tanto da
fantasia do homem de meia idade em crise como obsessão sexual da
adolescência e da repressão sexual hipócrita do seio familiar. Lester
transfere seus impulsos sexuais da esposa distante para a Lolita
mitificada.
Ricky (Wes Bentley)
"Foi naquele dia que eu descobri que existe vida por trás das coisas e
essa força benevolente que me fazia sentir que não precisava ter medo
de nada...nunca!
Sabe às vezes eu sinto que tem tanta beleza no mundo!"
"Eu
sempre ouvi dizer que a sua vida inteira passa diante dos seus olhos
como num flash, no segundo que antecede a sua morte. Primeiro: esse
"segundo" não é só "um segundo". Ele se estica pra sempre, como num
oceano de tempo. Pra mim, foi como estar deitado no acampamento de
escoteiros, olhando estrelas cadentes... e as flores amarelas das
árvores da nossa rua... ou as mãos da minha avó, e o jeito como a pele
dela parecia pergaminho... a primeira vez que eu vi o Firebird novinho
do meu primo Tony. E a Janie... e a Janie. E... Carolyn. Acho que eu
deveria estar muito puto pelo que aconteceu comigo. Mas é difícil ficar
bravo, quando há tanta beleza no mundo. Às vezes eu sinto como se
estivesse a vê-la de uma vez só, é demais, meu coração se enche como um
balão prestes a estourar. Então, eu me lembro de relaxar, e parar de
tentar agarrá-la, e então ela flui através de mim, como chuva. E eu não
consigo sentir nada além de gratidão por cada pequeno momento da minha
vidinha miserável. Vocês não tem ideia do que eu estou falando, tenho
certeza. Mas não se preocupem... um dia vocês terão. "
Fala final do filme, por Lester
E
é particularmente bonita a forma como Ricky se debruça para
observar os olhos perdidos de Lester, complementando o que ele diz muito
antes a Jane, sobre seu hábito de filmar pássaros mortos ou mesmo a
moradora de rua que ele viu morrer congelada.
“Quando se vê algo assim, é
como se Deus estivesse nos olhando por um segundo. E, se prestar
atenção, pode fazer o mesmo”.
Ali, pela primeira vez, Ricky contempla o
olhar de Deus sem o filtro de uma câmera. E sorri...
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