terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O tempo das memórias


 
O tempo, infinito tempo, em que te abracei. 
O tempo das memórias. O tempo da tua voz. 
O tempo, inacessível tempo, dos nossos beijos. Inatingível tempo do nós
O tempo das memórias fingidamente esquecidas do futuro tempo sonhado. 
O tempo das lágrimas, queridas lágrimas. 
O tempo da incerteza. O tempo do carinho. 
O tempo do nada e da tristeza, na tua ausência. 
Este tempo em que te digo: - Fala-me, não pares de falar.
Ouvindo-te tenho a certeza de que sou real, e de que também tu és, fora de mim, real.

Manuel António Pina

in Lembranças



Crédito da imagem: arte de Sofia Bonati



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