O tempo, infinito tempo, em que te abracei.
O tempo das memórias. O tempo da tua voz.
O tempo, inacessível tempo, dos nossos beijos. Inatingível tempo do nós.
O tempo das memórias fingidamente esquecidas do futuro tempo sonhado.
O tempo das lágrimas, queridas lágrimas.
O tempo da incerteza. O tempo do carinho.
O tempo do nada e da tristeza, na tua ausência.
Este tempo em que te digo: - Fala-me, não pares de falar.
Ouvindo-te tenho a certeza de que sou real, e de que também tu és, fora de mim, real.
Manuel António Pina
in Lembranças
Manuel António Pina
in Lembranças
Crédito da imagem: arte de Sofia Bonati
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