sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

As filhas da p...




Aceito alegremente o fardo de persona non grata, cantando desvio de pedras, rebolando e mandando beijos.

Para algumas ridículas eu sussurro que meu corpo não é fechado, e é a tua ignorância que te atinge fazendo crer que é a inveja, essa nem existe...tudo bem, continuem se enganando queridas, se esse é o seu desejo...

Não necessito de ridículas frases de auto-ajuda pra ficar de pé e pouco me importa a imagem que eu vejo em meu espelho, a imagem que eu persigo não se reflete em materiais sólidos, minhas curvas já conquistaram o único amor eterno, o PRÓPRIO.

O que a princípio tem cheiro de "perda de dignidade", no final das contas é apenas uma pedra sobre a liberdade, que minha raiva a triturou por algumas noites, meu rancor ácido dissolveu o mineral até virar fumaça, a dor passou, a mágoa esgotou e aí estão elas:

A louca que me restou ser, desenterrou mulheres mortas, se desavergonhou das putas, clamou por filósofas, depois de desejar sumir da vida, mas respeitando o fato de não ser a hora da morte, tudo que "vier vieu", pra quem tem ousadia de partir apenas desejo boa sorte.

Suicidei meus medos, peguei no colo uma mulher frígida chamada Moral e joguei pela janela, as críticas coloquei no correio com destino "puta que pariu".

E aqui estou eu, e agarrados em coleiras como cães empunho meus predadores mentais, metade do rosto iluminado carregando orgulhosamente minha sombra tal qual Rembrandt, fugi das procissões e danço blues no eterno velório da princesa que partiu.

Mas diariamente visito a maternidade, e do vidro mostro a face da persona non grata que dou luz, pois sendo comida diariamente pela hipocrisia, a minha puta, a todos os meus demônios ainda não pariu...

Érika Figueira




Crédito da imagem: Arte fotográfica de Jan Saudek




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