sábado, 29 de fevereiro de 2020

As marés montantes do passado




Hoje encontrei dentro de um livro uma velha carta amarelecida,
rasguei-a sem procurar ao menos saber de quem seria...
Eu tenho um medo
horrível
a essas marés montantes do passado,
com suas quilhas afundadas, com
meus sucessivos cadáveres amarrados aos mastros e gáveas...
Ai de mim,
ai de ti, ó velho mar profundo,
eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!

Mário Quintana




 

Crédito da imagem: Arte de John Everett Millais




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