segunda-feira, 16 de março de 2020

Dos meus livros


"O céu que nos protege" (1990), de Paul Bowles


(John Malkovich e Debra Winger, em cena do filme homônimo - por sinal um filme maravilhoso - de Bernardo Bertolucci )

- Sabe – disse Port, e sua voz soava irreal, como acontece com as vozes após um longo silêncio em lugares totalmente isolados - o céu aqui é muito estranho. Quando olho para ele tenho a sensação de que é sólido lá em cima, protegendo-nos do que está atrás.
Kit estremeceu um pouco ao dizer:
- Do que está atrás?
- Sim.
- Mas o que está atrás? – Sua voz estava muito fraca.
- Nada, acho eu. Só a escuridão. A noite absoluta.


 
 “A morte está sempre no caminho, porém o fato de nunca se saber quando ela chegará, parece amenizar o caráter finito da vida. É aquela precisão terrível que odiamos tanto. E como não sabemos, temos a tendência a encarar a vida como um poço inesgotável. Entretanto, tudo só acontece uma determinada quantidade de vezes e, na realidade, uma quantidade muito pequena. Quantas vezes mais lembrar-se-á de uma certa tarde em sua infância, alguma tarde que faz tão profundamente parte de seu ser que não conseguiria imaginar sua vida sem ela? Talvez quatro ou cinco vezes mais. Talvez nem isso. Quantas vezes mais assistirá ao nascimento da lua cheia? Talvez vinte. E, no entanto, tudo parece não ter limites.”




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