sexta-feira, 1 de maio de 2020

Quando o sonho foge



Mesmo eu, o que sonha tanto, tenho intervalos em que o sonho me foge. Então as coisas aparecem-me nítidas. Esvai-se a névoa de que me cerco. E todas as arestas visíveis ferem a carne da minha alma. Todas as durezas olhadas me magoam o conhecê-las durezas. Todos os pesos visíveis de objetos me pesam pela alma dentro.

A minha vida é como se me batessem com ela.

Bernardo Soares
in Livro do desassossego




Foto: Dar Yasin

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