A senhora Rosa e o seu filho Luís tiveram de deixar, para sempre, a sua casinha de aldeia.
Foi num destes dias de primavera em que, no dizer da senhora Rosa, o tempo estava «macio como seda». Aliás, ela nunca dizia: «está bom tempo» ou está «mau tempo», mas sim: «o tempo está a vir brandinho» quando, pela manhã, o sol espreitava, tímido, entre as nuvens, ou: «o tempo desabafa» quando chovia a potes. E sempre que dizia «o tempo está macio como seda», isso significava que não havia calor a mais, a claridade da luz não feria os olhos e a aragem soprava leve como o fru-fru das sedas.
E quando as árvores de fruto se cobriam abundantemente de flores brancas e rosas, ela avisava: «estão noivas!» E depois, quando se vergavam sob o peso dos frutos ainda verdes, interrogava: «como é que estas pobres árvores vão aguentar com tanta filharada?»
Era assim a senhora Rosa, mãe de Luís.
Ilse Losa
Fotografia de Dalva Nascimento
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