segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Conversa de amigos

 


- Fugiu-me da mão e quando tentei apanhá-la já ia longe.

- Tens a certeza que foi assim?

- Então, se te estou a dizer... Bem que a chamei, gritei, implorei até.. E ela nada. Já não queria saber de mim, já ia com o vento, já se desprendia na chuva.

- Então e agora?

- Agora sei lá eu que vai ser de mim, assim, sem amparo nem razão, assim tolhido e perdido nas madrugadas, assim sem a mão dela na minha ao adormecer.

- Mas sabes porque é que ela se te desapareceu?

- Vá-se lá saber, ela também sempre foi um bocadinho assim, de inconstâncias e desaparecimentos. Mas é que desta vez foi pior, desta vez não volta, desta vez já não a vejo mais. Nunca mais.

- E para onde será que ela se foi?

- Ai isso sei eu bem, isso eu sei das tantas vezes que me avisou, no meio daquela inundação toda de lágrimas, cada vez que nos perdíamos no meio do meio dos nossos dias, quando já nem nos conhecíamos, sabes? Ela bem me avisou que um dia se ia, que um dia me esquecia e que se ia nascer do princípio, à beira da vida dos outros que sabem o que é isso de ser feliz.

- Mas onde é isso exatamente?

- Ai, aí já não te sei responder. Nunca conheci ninguém que seja mais feliz do que eu sou sempre e cada uma das vezes que a minha mão toca a dela.


@Historiasdenós.blogspot





te digo que a minha alegria
é o sol a luz da manhã
o vento o mar o verão
e poder a cada dia
apertar a tua mão

Dalva Nascimento




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