quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Sou um amante, não um guerreiro

 

Ontem assiti um show com o querido Leo Jaime, esse jovem goiano de 64 anos, de quem fui e sempre serei fã. Comemorando seus 40 anos de carreira, Leo conserva seu frescor de juventude, imortalizado em suas letras e músicas irreverentes mas também poéticas. Ouvindo seus sucessos, cantando junto com ele, ouvindo suas histórias, lembrei de um texto seu que li numa revista (não me lembro qual), há muitos anos atrás... Cheguei em casa e vim direto aqui no Blog, pois tinha certeza que o tinha postado aqui, só que não... Desapontada, danei a matutar e pensar onde estaria aquele texto, pois que o tinha roubado da tal revista em algum consultório médico da vida, na sala de espera, arrancando a página bem discretamente para que ninguém visse.... Então, nos meus antigos recortes, em meio aos meus próprios escritos, achei e o reproduzo aqui agora, me penitenciando e corrigindo a falha de não o ter postado antes, pois sua delicadeza é marcante...


SOU UM AMANTE, NÃO UM GUERREIRO


A gente conhece alguém e, do nada, começa a indagar como seria se ela entrasse definitivamente em nossa realidade, já que os sonhos ela já dominou. Serás que ela aceitaria se eu a convidasse para jantar num lugar bacana? Eu pagando, claro! Ela se sentiria ofendida se eu abrisse as portas e puxasse a cadeira? Não é por mal, é que eu aprendi assim! E talvez, no nervosismo dos primeiros momentos, eu não conseguisse conter minha vontade de fazer com que ela se sentisse especial. E se ela achasse que eu estou, silenciosamente, chamando-a de incapaz de abrir portas e puxar cadeiras?
 
E na hora do amor? Será que ela ficaria ofendida se, na sofreguidão da linguagem dos corpos, eu a segurasse com "mão de dono" e conduzisse a dança? Ela se sentiria oprimida se eu fosse "por cima" e a  dominasse, pegando-a no colo, deitando-a no solo e fazendo-a mulher? A canção fez sucesso... Pois eu tenho certeza de que adoraria que ela fizesse tudo isso comigo, demonstrando domínio total de seu desejo e expressando-o sem nenhum pudor.

E depois, caso a história evoluísse? Serpa que ela compreenderia se eu insistisse em ficar com nosso bebê recém-nascido por alguns meses? Sim, a lei determina que pais não amam seus filhos e não precisam estar presentes em seus primeiros momentos. A lei entende que nem as mães nem os filhos precisam da presença dos pais. Cinco dias está de bom tamanho. Eu não concordo. Gostaria de ficar pelo menos uns três meses lambendo a cria e atuando como protagonista naquilo que considero o ápice da vida afetiva. Eu sei que se agir assim vou andar algumas casas para trás no tabuleiro do jogo profissional. E ela, diante dessa situação? Por que eu insisti em fazer como minhas amigas e escolher alguém que admiro? Pois é, ela ficaria numa boa sendo a cabeça do casal? Ela aceitaria se eu quisesse ficar em casa com nosso filho, ou filhos, deixando a carreira de lado por um tempo? Ela continuaria a me amar? Continuaria me desejando, se a família e nosso lar estivessem no topo de minhas prioridades? Eu seria admirado por isso?

Sou um amante, não um guerreiro. Eu adoraria se não tivesse que ir para a guerra, caso houvesse uma. Afinal, eu luto por igualdade desde que me entendo por gente!  Por que é que eu tenho que ir para a guerra? Só porque nasci com um negócio no meio das pernas? Isso é igualdade? Mas não vamos pensar nessa hipótese catastrófica. Como diz um amigo, elas têm um jeito mais pacífico de resolver conflitos. Elas não declarariam guerra. Dariam um gelo.

Tá bom, é piada, é besteiro, eu sei. Mas homens são assim: adoram dar risada. Homens podem ser gênero ação, esporte, comédia, romance, x-rated, terror, policial etc. Mulheres são gênero drama. Ela riria comigo ou riria de mim?

Leo Jaime



Crédito da imagem: Dantas Jr/Divulgação



Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

...