Serei eu, mais íntimo, mais honesto e mais ligeiro, ainda que minha maior promessa não lhe seja essa.
Eupaitio Caska
"Tudo que posso fazer é ser eu." Bob Dylan
Crédito da imagem: Fotografia de Rachel Prado
Serei eu, mais íntimo, mais honesto e mais ligeiro, ainda que minha maior promessa não lhe seja essa.
Eupaitio Caska
"Tudo que posso fazer é ser eu." Bob Dylan
Crédito da imagem: Fotografia de Rachel Prado
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A memória é um museu, uma variedade imensa de estátuas e quadros; uns, animados pela dor, outros, pela alegria. E todos surgem ao luar que encontra a noite do Passado. Surgem, velados de uma ternura dolorida, que é uma névoa de lágrimas não choradas.
Teixeira de Pascoaes
Crédito da imagem: Arte de Muhammad Fatchurofi
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Arte: Max Gasparini |
Tu és o meu dia de festa. Quando em sonhos me junto a ti, tenho sempre flores nos cabelos. Desejaria colocar-te flores nos cabelos. Quais? Nenhuma tem a simplicidade comovente que deveria, nenhuma é suficientemente simples. Em que Maio colhê-las? — Mas creio agora que tens sempre nos cabelos uma grinalda — ou uma coroa... Nunca te vi de outro modo.
Nunca te vi, que não tivesse o desejo de te rezar. (…)
— Então, isto é um adeus? — perguntou Alice, sua voz carregava tristeza, mas um sorriso forçado tentava disfarçar.
O Chapeleiro, com um olhar profundo, respondeu:
— Se você acha que isso é um adeus, então realmente não me conhece. O adeus é uma ilusão; você nunca se vai de verdade. Quem te guarda na memória sempre te traz de volta.
Despedir-se é não compreender o verdadeiro sentido de partir, porque para dizer adeus você teria que apagar cada vestígio de sua existência. E isso, minha querida Alice, é impossível.
Eu jamais deixarei você ir, assim como você jamais se libertará de mim. Chame isso de tortura ou de maldição, mas eu prefiro pensar que você é o meu espelho. E ninguém pode escapar do próprio reflexo.
Então o Chapeleiro suspirou, um sorriso louco brilhou em seus olhos:
— Vou seguir você até onde for preciso.
( Alice no País das Maravilhas )
Dizem que o tempo faz o homem amadurecer. Eu não acredito nisso. O tempo torna o homem mais medroso, e o medo torna-o conciliador, e, ao ser conciliador, procura aparecer perante os outros de forma que o acreditem maduro. E com o medo vem a necessidade de afeto, de algum calor humano para se proteger do frio do universo. Quando falo de medo, não me refiro simplesmente, nem em particular, ao medo pessoal: o medo da morte, da decrepitude, da penúria ou qualquer outra desgraça puramente mundana. Penso num medo mais metafísico, um medo que penetra na alma através da experiência dos piores males a que a vida nos submete: a traição dos amigos, a morte daqueles que amamos, a descoberta da crueldade que se agasalha no comum das pessoas.
Bertrand Russell - Autobiografia
Enfeite-se com margaridas e ternura e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.
Carlos Drummond de Andrade
Imagens:
Fotografia de Annie Leibovitz
e Arte de Gustave Klimt