quinta-feira, 15 de maio de 2025

Diga-me com toda a sinceridade

 



Eu não aguento mais. Todo dia, há três semanas, eu falo para mim: hoje direi tudo, e saio com a mesma aflição, medo e felicidade no coração. E toda noite, como agora, eu relembro o que se passou, sofro e me pergunto: por que não disse e como direi? Eu trago comigo essa carta para entregá-la a você, caso mais uma vez eu não possa ou não tenha coragem de lhe dizer tudo diretamente. [...] Você, pessoa honesta, com toda sinceridade e sem pressa, pelo amor de Deus, sem pressa, diga-me o que fazer. Do que se ri agora, chora-se depois. Eu morreria de rir, se um mês atrás você me dissesse que seria possível sofrer, como sofro agora, e sofro feliz. Diga com toda a sinceridade: gostaria de ser minha esposa? Diga “sim” só se for de todo coração e sem medo, mas se tiver alguma sombra de dúvida é melhor dizer “não”. Pelo amor de Deus, pergunte bem a si mesma. Eu tenho pavor de ouvir “não”, mas eu prevejo isso e encontrei forças para suportar. Porém, se jamais serei um marido tão amado como a minha esposa é amada por mim, isso será ainda mais terrível.⠀⠀⠀⠀⠀⠀

— Carta de Liev Tolstói a Sófia Andrêievna. Em: BASSÍNSKI, Pável. Tolstoi: A fuga do paraíso / Pável Bassínski; tradução de Klara Guriánova. — São Paulo: LeYa, 2013.

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(Foto: Tolstói e sua esposa Sophia, Rússia, 23 de set. de 1910. Eles são retratados aqui em seu último aniversário de casamento. Tolstoi morreu de pneumonia pouco menos de dois meses depois. [Foto: Fine Art Images/ Heritage Images/Getty Images.]).




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