Por três dias, caminhando para os lados da Fazenda Confiança, ouvi uma criança gritar:
- Volta, sabiá, volta!
Uma menina, balançando em um rústico pneu, pendurado por cordas em espraiada mangueira. Na terceira vez não resisti e gritei da estrada:
- Por que você chama a sabiá?
- Hein? A menina se estacou,
- Por que você fica gritando pela volta da sabiá?
Ela desceu do balanço e se aproximou da porteira:
Uma menina, balançando em um rústico pneu, pendurado por cordas em espraiada mangueira. Na terceira vez não resisti e gritei da estrada:
- Por que você chama a sabiá?
- Hein? A menina se estacou,
- Por que você fica gritando pela volta da sabiá?
Ela desceu do balanço e se aproximou da porteira:
- A sabiá, ela fez um ninho na mangueira, mas o vento derrubou, e ela se foi.
- Com certeza está construindo ninho num lugar mais seguro, que o vento não destrua - eu disse.
E ela:
- Ah, eu sei, mas saudade também faz ninho, né? E o meu nenhum vento derrubou. - Com certeza está construindo ninho num lugar mais seguro, que o vento não destrua - eu disse.
E ela:
Correu para o balanço, continuou a chamar a sabiá, e eu segui meu rumo. Tá certo, volta sabiá!
Falar nisso, tem um ninho de outra aqui no quintal, numa mangueira também. É uma gorda senhora, que come todos os mamões que nascem perto do muro. Uma esfaimada. É quem primeiro tinge o dia de ferrugem, laranja ou terras acobreadas. Saltita, veloz, bicando insetos sob o pé de acerola. Com certeza, é a mesma, há quatro anos que a conheço. Uma vitoriosa.
José Antonio Abreu de Oliveira
Imagem via Pinterest
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