terça-feira, 2 de junho de 2020

Para voar



O velho homem nasceu  das ousadias do destino.
Usava a camisa pelo avesso, assobiava uns velhos versos, canções perdidas, amores empilhados na prateleira vazia.
Ousava ouvir  estrelas, arrancar raízes do céu e dançar pirilampos nas noites insones.
O velho homem nasceu envelhecido, o velho homem nasceu entardecido... O velho homem laçou o sol, outonou , deitou nas redes do "para sempre" e deixou escapar todas as aves presas no recôndito da sua alma.
Libertou todos os pios.
Gorjeou labirintos celestes. Deitou n'outros ninhos e embalou um berço de cristal.
Para que todos os pássaros de vidro aprendessem a voar.
E, voou de si.

Elke Lubitz



Imagem via Pinterest





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