sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Clariceando

 

 

O que é que fazia eu com a rosa? Fazia isso: ela era minha. Levei-a para casa, coloquei-a  num  copo d'água, onde ficou soberana,  de pétalas grossas e aveludadas , com vários entretons de rosa-chá. No centro  dela  a  cor  se concentrava mais e seu coração quase parecia vermelho. Foi tão bom...   Foi tão bom que simplesmente  passei  a roubar  rosas.
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Nunca ninguém soube. Não me arrependo: ladrão de rosas e de pitangas tem 100  anos de perdão.

 
Clarice Lispector em 'Felicidade Clandestina'

 

Imagem via Pinterest

 

 

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