quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

O amor acaba ao meio dia ou às três da tarde

 


Prometemos inúmeras vezes que não trocaríamos aquele amor. E então a nossa solidão é o vão que se formou entre todas as ruas. São as ruas: antes lavadas por suor e chuva e os teus beijos e agora existentes num motivo enganado de que, ah!, tudo ainda há de passar. Há, sim! Mas, quando vejo, amor, já estou cantando aquela música de Caetano: ‘é verdade, eu não minto’.

Te li poesia via videoconferência, chamei quando deu, também aprendi a não chamar o tempo todo, prendi a respiração por dois minutos debaixo da água numa antiga banheira de porcelana e depois emergi. Arrastei a meia por vezes e vezes e vezes no chão da sala que ficava no prédio da década de cinquenta. Quebrei as taças, colei caixa com fita isolante. Fiquei dias de cama e pensei que morreria - eu sempre penso que vou morrer. Aprendi numa terça-feira há dez anos que o amor acaba ao meio dia e às vezes às três da tarde – quando é sempre calor. Descobri que amor jurado a não ser troca não se encaixa nesse aprendizado – onde andam vocês e seus sonhos? Tentei tudo: banho de ervas, cento e oito Suryas Namaskar, terapia, escrever um livro, chorar olhando tuas fotos – só me aumenta a falta de ar. Você, seguiu.
 

Me reordena diariamente a sentença de Sena: ‘Nada nos salva desta porra triste’.


Olívia Nicoletti

 

 

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