O luar brilha fora do comum, neste agosto. Super Lua, mais perto, regendo marés, os ciclos. São Jorge, a cavaleiro do céu. Parece cinema. Senhora de todas as cenas românticas, de todos os versos de amor, das frases das canções que cantam e tocam na memória que acende sentidos.
A gente não cansa de se deslumbrar a cada tarde em que ela nasce. Enluarado é diferente de aluado que quer dizer lunático, que significa doido. Enluarar-se também é da ordem da loucura, só que com luz.
Em português, dizemos O LUAR quando nos referimos à Lua e ao Halo, o clarão que ocorre por reflexão solar. Dizemos em um vocábulo a conjunção da lua com a luz que a circunda. Em pelo menos cinco línguas mais próximas não se verbaliza isto em uma única palavra: claro de luna, em espanhol, chiaro di luna, em italiano, clair de lune, em francês, moon light, em inglês e monlicht, em alemão. Mesmo neste caso, lê-se lua e luz, só que alemão tem mania de fazer combo com palavras e junta tudo. Em língua geral do Brasil, JACI (yacy) é lua, não sei se traz o halo no conceito. Mas gostei de saber que Jacira significa lua de mel.
É de Gilberto Gil a canção Luar (A Gente precisa ver o Luar) que se inicia com o “Do luar não há mais nada a dizer/ A não ser que a gente precisa ver o luar”. É por não haver o que mais dizer que ele vê, se admira e, enluarado, canta. Nem que seja uma exclamação _ que beleza! Uau!! A gente tem sempre o que dizer pra ou da lua. Não há maior presença na canção que ela. A Lua não envelhece como as pessoas e seus amores. Brilha eterna em muitos versos da trilha sonora das nossas vidas. A lua não tem essa de alta cultura, cultura popular ou do que mais se quiser adjetivar. Ela está no Clair de Lune de Debussy, na Sonata ao Luar, de Beethoven, na Moon Light Serenade, do Glenn Miller, no Luar do Sertão, do Catulo da Paixão, em centenas de versos da canção popular universal. Basta ver o luar, a gente precisa dizer.
PS: lembra aí uma canção que fale de Lua. Não terá dificuldade.
Fred Góes
Fotografia de novakmisi
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