Vivemos numa constante batalha para provar quem é o "mais forte" quando se trata de sentimentos: quem se entregar primeiro perde, essas são as regras, nenhum dos dois pode demonstrar se importar com o outro, se mandar mensagem perde ponto, se sumir ganha ponto, se disser que gosta perde ponto. Em meio a esse duelo, deixamos subentendido que gostamos um do outro, mas nunca vamos admitir isso.
Isso é o que eu chamo de suprassumo da inteligência. Ninguém quer ferir o próprio ego, e assim criamos uma linha imaginária de submissão totalmente desnecessária. Por que me sinto submisso por falar contigo antes de você vir falar comigo? Não dá pra ser recíproco?
O veneno desse sentimento vai se esparramando, e cada pequena desavença se torna o maior motivo do mundo para não responder uma mensagem, para deixar o telefone tocar seis vezes antes de atender dizendo que estava de "bobeira" e não assumir que sentia saudade nem por um milhão de reais em barras de ouro.
Nisso você deita na sua cama, fica rente à parede gelada para amenizar o calor, coloca a perna esticada para fora do cobertor e fica ensaiando alguns diálogos que nunca serão ditos. Inquieta e encarando o celular, você decide t4entar remediar a situação, liga e fica ouvindo o telefone tocar com o coração na mão, enquanto cada toque não atendido só faz o arrependimento aumentar. Você se expõe e acaba sendo mais rejeitada do que um operador de telemarketing. E, só para manter a tradição, atrasamos mais uma vez o inevitável. Realmente somos geniais.
Às vezes o orgulho os torna idiotas, mas às vezes ele nos faz não passar por idiotas. Sei quão geniosa você pode ser e como é difícil fazer um simples e sincero pedido de desculpa, mas tudo isso necessita de equilíbrio e bom senso. Ninguém quer sair rebaixado, e saber ceder é o segredo para um relacionamento emocionalmente estável. Se o teu orgulho for maior que o teu sentimento, fica realmente difícil dar certo.
Fred Elboni
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