domingo, 28 de setembro de 2008

Canção na plenitude

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Não tenho mais os olhos de menina nem corpo adolescente,
e a pele translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde haviam sedas,
sou uma estrutura agrandada pelos anos
e o peso dos fardos bons ou ruins.
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(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia).
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O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria...
busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada.
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Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora:
esses dourados anos me ensinaram a amar melhor,
com mais paciência e não menos ardor,
a entender-te se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força - que vem do aprendizado.
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Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés - mesmo se fogem - retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços,
mas o sonho interminável das sereias.
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Lya Luft

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