quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Uma lágrima de saúde

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Para os homens, aprender a expressar as emoções é garantir seu equilíbrio saudável
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Não sei muito bem explicar o porquê. Mas tenho observado uma mudança radical no comportamento de homens e mulheres em relação à expressão de sentimentos. Hoje em dia, parece que as mulheres se assustam quando um homem "abre o coração" para elas e fala de seus sentimentos, suas dúvidas e angústias mais profundas. A resposta das mulheres, na maioria das vezes, é de incredibilidade.
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Duvidam que o homem esteja sendo sincero e muitas chegam a achar que possa ser ironia, cinismo ou apenas um golpe para conquistá-las e depois cair fora!
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Mas o homem passou a chorar, a reconhecer que tinha sentimentos e a demonstrar esses sentimentos.Aí a mulher entrou em pânico! Como lidar agora com esse indivíduo que, por vezes, se mostra fragilizado? Como trocar a conversinha à toa por uma série de questionamentos sobre a relação e os projetos de vida? Como substituir esse antigo senhor, que, inconscientemente, trazia a força da segurança e da estabilidade, por uma simples pessoa, igualzinha a ela, com medos, angústias, dúvidas e aspirações? Desta vez são os homens que estão aprendendo aquilo que antes era uma característica feminina: a sensibilidade.
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Sentir, chorar, sofrer e amar deixou de ser coisa de mulheres ou de maricas para se tornar o que de fato é: um componente essencial da estrutura humana. Cada dia fica mais claro que represar os sentimentos, escondê-los debaixo do tapete da racionalidade não leva a lugar nenhum ou, como dizia o saudoso poeta Vinicius de Moraes, acaba levando, sim, a um lugar: ao "cardiologista ou, pior, ao psiquiatra".
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A não exteriorização dos sentimentos é responsável por uma série de manifestações somáticas, algumas de relevante gravidade, como, por exemplo, o infarto do miocárdio e a reto-colite ulcerativa, só para citar dois dos mais complicados e desagradáveis fenômenos corporais gerados, mantidos e acompanhados por intensas manifestações emocionais.
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E a doença psicológica da atualidade, a chamada síndrome do pânico, que, claro, tem lá seus componentes biológicos, é a maior manifestação dessa explosão repentina e descontrolada daquelas emoções que estão escondidinhas no fundo da alma.
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Enfim, homens e mulheres, indiscutivelmente, sentem! Sentem alegrias e tristezas, sucessos e frustrações, medos e ousadias, insegurança e aflição. Saber expressar isso tudo para um companheiro ou companheira é como desnudar-se de alma perante o outro. É aquela entrega que, para muitos, supera a intimidade sexual, pois é a verdadeira intimidade pessoal, a cumplicidade de espírito que leva ao encontro e ao crescimento das pessoas e da relação.
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A banalização da exposição do corpo acabou por tirar dele aquele ar de mistério, de descoberta, de investigação que seduz o espírito humano. Investigar a alma do outro e penetrar por seus labirintos secretos de emoções presentes e passadas faz ressurgir a essência da relação humana. O ideal é fazer isso sem ter medo de se expor e apreciar a exposição outro. E não se encabular perante a luz acesa sobre seu coração.Isso é, de fato, ser homem e sentir! De forma sincera, verdadeira e profunda. Ao final e ao cabo, portanto, se não for para assumir a nova ética da hombridade e deixar fluir naturalmente seus sentimentos e emoções, está o homem alertado, pelo seu lado absolutamente racional de preservação da longevidade e qualidade ele vida.
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Eduardo Ferreira

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