segunda-feira, 3 de maio de 2010

Feminino Plural - Frida Khalo

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Quem foi Frida Khalo?
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Dona de uma biografia singular e de uma produção artística riquíssima, Frida Khalo teve sua vida marcada por grandes trajédias.
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Nasceu em 6 de julho de 1907, na casa de seus pais, a conhecida Casa Azul, em Coyocan, no México, filha de pai alemão e mãe mexicana.
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Em 1913, com seis anos, contraiu poliomielite, sendo esta a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e operações que viveria ao longo de sua vida, intensamente marcada pelo sofrimento físico. Como seqüela da doença ficou com a pena direita mais curta e atrofiada, o que lhe valeu o apelido de "Frida perna de pau".

Em 1925, aos 18 anos foi vítima de um brutal acidente. Um ônibus no qual viajava chocou-se com um trem. Várias pessoas morreram. Frida teve diversas fraturas, e seu corpo foi literalmente despedaçado. Fraturou três vértebras, teve a tíbia fragmentada e três fraturas na bacia. Submeteu-se a 32 cirurgias, vinte e nove anos de dor contínua e finalmente uma amputação da perna. Quando ainda estava convalescendo das múltiplas fraturas sofridas no acidente de ônibus, Frida fez em seu diário uma aquarela retratando sua visão do acidente.
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Acidentes (1926). Gravura a lápis
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Devido às fraturas na bacia, Frida foi informada de que não poderia ter filhos de parto normal, e era recomendável portanto que evitasse engravidar. Portanto, o acidente a impossibilitou de realizar seu desejo de ter filhos. Mais um luto na vida de Frida.
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Foi neste perído que ela pintou o quadro O Hospital Henry Ford, também conhecido como A Cama Voadora
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O Hospital Henry Ford, ou Cama Voadora (1932)
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Na tela, Frida está deitada sob o leito do hospital. Mais acima, como que flutuando, pode-se ver um feto , um caramujo e um modelo anatômico da bacia. No chão, abaixo do leito, são vistos uma pelve óssea, uma flor e um autoclave. Tudo está preso à mão esquerda de Frida por meio de artérias, lembrando o cordão umbilical.
O lençol sob Frida está bastante ensangüentado. Seu corpo é muito pequeno em relação ao tamanho do leito hospitalar, de modo a sugerir seu grande sofrimento e solidão.
Do olho esquerdo de Frida goteja uma enorme lágrima, simbolizando a dor de uma mãe pela perda do filho.
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"Pintar completou minha vida. Perdi três filhos e uma série de outras coisas, que teriam preenchido minha vida pavorosa. Minha pintura tomou o lugar de tudo isso. Creio que trabalhar é o melhor".
Autobiografia, de 1953
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Frida ficou muito tempo acamada. E foi aí que começou a pintar. Em sua longa convalescença, apossou-se de uma caixa de tintas de seu pai e pediu a mãe que adaptasse uma cavalete a sua cama.
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A mãe também prendeu acima da cama um espelho, e isso explica a abundância de auto-retratos em sua obra. Nascia assim a vocação de Frida: de um espelho sobre sua cabeça e da dor que vinha de seu corpo, de suas chagas abertas e de sua solidão.
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"Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor".
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Toda dor e sofrimento não arrefeceram seu espírito. E assim reinventava-se essa mulher que não se deixou abater pelas tragédias que marcaram sua vida. Em suas próprias palavras essa "...quase assassinada pela vida", transcendeu aos dramas e fez de sua angústia um degrau a mais para a sua criatividade. Sua obra é marcada pela dor.
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Em suas próprias palavras: : "... e a sensação que desde então nunca mais me deixou de que meu corpo concentra em si todas as chagas do mundo". E ainda: "minha pintura carrega em si a mensagem da dor. Creio que ela interessa pelo menos a algumas pessoas".
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A Coluna Partida, 1944
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"Não estou doente. Estou partida. Mas me sinto feliz por continuar viva enquanto puder pintar"
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Uma de suas obras mais marcantes chama-se Nascimento, de 1932.
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Nascimento, 1932
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Na tela a óleo, Frida retrata como teria sido o seu parto. A cabeça da mãe está coberta por um lençol, já que a mesma faleceu durante a pintura do quadro.
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Em 1928 Frida Kahlo entrou para o Partido comunista mexicano, e conheceu o muralista Diego Rivera, com quem se casou no ano seguinte. O casamento foi muito tumultuado, já que ambos tinham temperamentos fortes. A relação dos dois foi marcada pela traição de ambos os lados. Rivera tinha diversas amantes, entre elas a irmã mais nova de Frida, Cristina. Em troca Frida também tinha casos extra conjugais com homens e também com mulheres. Rivera aceitava abertamente os relacionamentos de Kahlo com mulheres, embora não aceitasse seus casos com homens.
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Nesta ocasião pintou O Coração, ou Recordação, de 1937.
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O Coração, ou recordação (1937).
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Na tela, Frida aparece com o peito transpassado por um objeto perfurante, e o coração enorme, de tamanho proporcional a sua dor pela descoberta do caso do marido com a irmã, sangrando, no chão, exprimindo toda a sua angústia. No seu pé esquerdo há um curativo, representando os ferimentos de sua perna, que nunca cicatrizaram. Na verdade, evoluíram para uma osteomielite, e consequentemente para a amputação.
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Cerca de dois anos após a amputação, fato que a deixou extremamente deprimida, a pintora veio a falecer.
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Frida tinha tendências suicidas.
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O Sonho, 1940
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Sua personalidade bipolar oscilava entre a euforia, com palavras como: "Para que preciso de pés quanto tenho asas para voar?" e o oposto do que diria em seu diário em fevereiro de 1954: "Amputaram-me a perna há 6 meses, deram-me séculos de tortura e há momentos em que quase perco a razão. Continuo a querer me matar. O Diego é que me impede de o fazer, pois a minha vaidade faz-me pensar que sentiria a minha falta. Ele disse-me isso e eu acreditei. Mas nunca sofri tanto em toda a minha vida.Vou esperar mais um pouco...".
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Em 13 de julho de 1954, Frida Kahlo foi encontrada morta. O atestado de óbito aponta a causa mortis como embolia pulmonar. Mas a última anotação em seu diário que diz "Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar - Frida" permite aventar-se a hipótese de suicídio.

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Quatro anos após a sua morte, sua casa familiar conhecida como "Casa Azul" transforma-se no Museu Frida Kahlo.
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Lá, reconhecida tanto por sua obra quanto por sua vida pessoal, Frida ganha retrospectiva de suas obras, com objetos e documentos inéditos, além de fotografias, desenhos, vestidos e livros.
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No ano de 2002, sob a direção de Julie Taymor, é lançado o filme que narra a história da pintora, interpretada pela atriz Salma Hayek. O longa metragem conta ainda com a presença de Alfred Molina, interpretando Diego Rivera

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Conheça mais de Frida aqui .

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12 comentários:

* Edméia * disse...

*Dalva, bom diaaaaaaaaaaa !!! *

Menina, que postagem LINDA !!!

Dalva, assisti ao filme sobre a

vida desta artista em casa de

amigos e gostei muito !!! (Como

essa mulher SOFREU !!! *Meu

Deus !!! ).

*Dalva, quero te desejar um

ÓTIMO mês de *MAIO *, mês de

MARIA, a mãe de Deus !!!

*Fiques com Deus !!! *

*Um abraço.

P.S. - Outra artista da qual gostei

muito do filme também foi a divina

"Camille Claudel !!!"

Pandora disse...

Conheci Frida através de meu irmão, ele me apresentou ela e sua obra, essa história de vida é de doer até a alma, sempre me sinto profundamente angústiada quando vejo os quadros dela... é como se a dor estivesse estampada em cada tela!!!

Úrsula Avner disse...

Oi Dalva, excelente postagem ! Assisti o filme sobre a vida de Frida e achei muito bonito, embora retrate uma vida marcada pela tristeza e infortúnios. Frida foi uma mulher corajosa e talentosa cuja vida perpassada pela dor lhe inspirou quadros de temática forte, arrebatadora e intrigante... Bj.

Anônimo disse...

A obra de Frida é incrivelmente autêntica e cheia de sentimento. Ela colocava na tela todo o sofrimento de sua vida turbulenta. Mas, perdoe minha ignorância, não colocaria um quadro seu na parede da minha sala. É que eles, acima de tudo, são tristes.

Amei o filme!

Beijo rouge

Dani

lis disse...

Frida Klalo, muito boa Dalva
sensível e lutadora.Colocou na pintura suas frustações e o que se viu foi essa obra valorosa.
Bom ler sobre essa mulher.
abraços de boa noite

DILERMArtins disse...

Mas bah, Dalva.
São lindos seus "Femino Plurar", Frida de certa forma me lembra Florbela Espanca...
Abração.

Era eu. disse...

Olá querida! Saudades de passar por aqui e logo q voltei me deparo com uma de minhas artistas favoritas! Amo de paixão os trabalho de Frida desde que fui apresentada à ela na aula de artes! O filme é maravilhoso! e a vida dessa mulher é espetacular!
Bjks!!

chica disse...

Linda história dessa mulher!beijos,ótimo dia,chica

Lilá(s) disse...

Conheço e tenho bastante documentação sobre esta artista mas, esta "reportagem" está exraordináriamante bem feita!
Bjs

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Dalva, eu adoro esta sua série, aprendo tanto por aqui. Já tinha vindo esta semana, mas estava sem tempo e preferi voltar hoje para te ler com toda calma. Eu vi o filme, mas reler todos esses pormenores e pensar na vida que ela teve desde cedo. Imagino qtas dores, nossa! Acho que seres humanos normais nao sobrevivem a uma calamidade dessa, 29 anos vivendo com dor. Eu vivo há 11 anos com uma enxaqueca crônica imagina o que ela algüentou.

Dai resultou essa mulher brilhante. Mas mesmo com tudo isso, jamais gostaria de ter trocado de lugar com ela.

Um beijao e na espera da próxima.

Jr Vilanova disse...

'Cores de Frida Kalo, cores...'. Eis mais um capítulo da série 'Feminino Plural'... grande aula de cultura!

Sabe, não citei a música de Adriana Calcanhoto por acaso, foi através dela que descobri as cores de Frida... depois veio o filme, que também gostei muito! Parabéns pela bea postagem, Dalva!

Ah, quinta-feira ofereci um selo para o 'Infinito Particular', pois é um blog que acredito, que respeito e admiro! Vá buscar!

Um abração!
Jr.

Juliana Lira disse...

Frida sempre me impressionou, como pode uma pessoa sofrer tanto e ainda fazer arte?
Sempre tive muita dó dela, e achei as obras dela um pouco triste...
Mas nem só de alegrias vivem os grandes artistas não é?

Milhões de beijos

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