Era uma vez um homem que passava uma parte considerável dos seus dias a mexer no lixo alheio. Explicava, a quem desejasse saber, que procurava uma alma. Perdera a sua e, por isso, precisava encontrar outra com urgência. Acrescentava que o local mais óbvio para procurar era entre o lixo dos outros. Pois se a bondade apenas se destaca quando contraposta à maldade, se a virtude apenas o é em relação ao pecado, se a verdade apenas existe enquanto a mentira existir, em que outro local procurar a pureza senão entre a impureza? Sorria e continuava a revolver o lixo.
Paulo Kellerman
em "Miniaturas"
Fotografia de Fred Veras
Um comentário:
Penso que é mais ou menos isso Dalva
ninguém cresce na zona de conforto.
Alberto Camus já dizia "que há nos homens mais coisas a admirar que coisas a desprezar".
Bom texto a refletir.
abraço florzinha
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