sexta-feira, 29 de abril de 2011

Registro da fala do silêncio



de José Inácio Vieira de Melo

O que mais tem falado em mim é o silêncio,
mas um silêncio plural – de fogo –
que com sua língua escarlate abrasa as palavras
e as queima antes de serem.

Um silêncio de lá, de longe – das plagas interiores –
que fala o tempo todo sem dar nome ao dito.


Em sonho é imagem: e vejo, inebriado,
a sua cara – semblante formidável:
tão formoso quanto pode ser um deus.

O silêncio, este que fala e de que tanto falo,
é um hieroglífico poema,
e estes versos: tradução e codificação.


"Silêncio completo parece-me tão grave quanto alarido descontrolado."

(Antígona - Sófocles)



Um comentário:

Hugo de Oliveira disse...

Ótima postagem Dalva.


te desejo um ótimo final de semana.

abraços

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

...