Certos dias, assim, após uma forte chuva, me vem a cabeça grandes naufrágios. Penso em náufragos e despojos. Talvez por ver e apreciar o mar, com suas ondas arredias, trazendo à areia da praia despojos vindos sabe-se lá de que barcos perdidos nas noites de tormenta. Na manhã seguinte, diante da vastidão do mar, penso na coragem necessária para recolher os despojos e recomeçar a sonhar. Terá me restado quantidade suficiente de vontade para recomeçar? Haverá ainda a força necessária para voltar, silenciosamente, à praia em busca do que o mar me devolverá? Restará no olhar a ternura necessária para buscar, entre cacos e farpas, alguma lembrança, alguma palavra que possa provar que não afundei, de todo? Onde aquele que estava comigo, que navegava comigo - agora inominável e sem rosto? Procuro, tateio no escuro, em vão. Espero pela manhã que virá e trará novos despojos.
UPDATE - 24/09/2013
Chove muito hoje. Em dias assim gosto de olhar o mar. Cinza, revolto, grande. Imensas ondas que, barulhentamente, jogam na areia despojos vindos sabe-se lá de onde. De que barcos perdidos em noites de tormenta, de que ilhas sacudidas pelos ventos. Não sei porque despojos e náufragos me sugerem recomeço. Recolher, com coragem, na manhã seguinte, diante do vasto mar, tudo o que ficou na areia. E recomeçar. Reunir força e vontade para voltar, silenciosamente, à praia em busca do que o mar devolveu. E de novo sonhar. Manter no olhar a ternura necessária para vasculhar entre cacos e farpas a procura de alguma lembrança, uma palavra qualquer que prove que não se afundou, de todo, afinal. Onde aquele que estava ao meu lado, que navegava junto comigo, agora inominável e sem rosto? Procurar, tatear no escuro - mesmo que em vão. E ainda assim esperar pela manhã que virá e certamente trará novos despojos.
UPDATE - 24/09/2013
Chove muito hoje. Em dias assim gosto de olhar o mar. Cinza, revolto, grande. Imensas ondas que, barulhentamente, jogam na areia despojos vindos sabe-se lá de onde. De que barcos perdidos em noites de tormenta, de que ilhas sacudidas pelos ventos. Não sei porque despojos e náufragos me sugerem recomeço. Recolher, com coragem, na manhã seguinte, diante do vasto mar, tudo o que ficou na areia. E recomeçar. Reunir força e vontade para voltar, silenciosamente, à praia em busca do que o mar devolveu. E de novo sonhar. Manter no olhar a ternura necessária para vasculhar entre cacos e farpas a procura de alguma lembrança, uma palavra qualquer que prove que não se afundou, de todo, afinal. Onde aquele que estava ao meu lado, que navegava junto comigo, agora inominável e sem rosto? Procurar, tatear no escuro - mesmo que em vão. E ainda assim esperar pela manhã que virá e certamente trará novos despojos.
Crédito da imagem: "Ship", de Kleemas
O trabalho Despojos e naufragos de http://infinitoparticulardalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Um comentário:
Oi, Dalva!
Existe uma força em nós que não imaginamos e somente quando necessário, ela vem à tona. Ela que nos dá vontade para reagir... 'recolher os despojos e recomeçar a sonhar'.
Profundo e emocionante seu texto!
Boa semana!!
Beijus,
Postar um comentário