Relendo o Conto da Ilha Desconhecida de Saramago, tenho uma vontade incontrolável de evadir-me. Quero um barco. Um barco a vela mansamente impulsionado pelo vento. Deixo para trás uma porta trancada sobre móveis e lembranças, cobertos por brancos lençóis a suspirar por minha incerta volta. Esquivo-me para um mundo mais quieto e silencioso. Vou em busca de mim mesma. Quero um reencontro há muito esperado. Vou para cada vez mais longe - como uma pipa de fino papel de seda, cada vez mais alto. Subindo, subindo até que a linha arrebente e, abraçada com o vento, eis que me encontro: assustada e perdida, como uma criança. Então eu enxugaria minhas lágrimas e diria "pronto, já passou". E, com os olhos lavados, inauguraria um novo jeito de olhar, podendo enxergar a nova criação, da qual sou parte.
("...é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós..." - Saramago)
Dalva Nascimento
Crédito da imagem: gravura de Bartolomeu Cid dos Santos - capa do livro "O Conto da Ilha Desconhecida", de José Saramago
O trabalho Quero um barco de http://infinitoparticulardalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Um comentário:
Essa viagem, rumo ao nosso interior, é necessária, para podermos avistar novos horizontes.
Bjs.:
Sil
http://meusdevaneiosescritos.blogspot.com.br/
Postar um comentário