domingo, 14 de julho de 2013

Maravilhar-se



Sua vida não tinha lá muito sentido. E, inconformado, caiu no mundo decidido a dar um a ela. 
De olhos abertos, viu maravilhas sem tamanho mas, quando os fechava, encarava o vazio. 
Anos depois, ao voltar para casa, com a mala pesada de amores e decepções, viu que alguém se divertia no balanço da velha mangueira do quintal. Para seu espanto, era ele-quando-menino, que ria alto. 
O garoto pegou sua mão, deu-lhe lugar no balanço e sumiu assobiando alguma cantiga há muito esquecida. Ele se sentou e sentiu uma brisa leve lhe acariciar o rosto. Fechou os olhos. E, pela primeira vez desde que era criança, viu maravilhas sem tamanho.

Leonardo Sakamoto


Crédito da Imagem: Fotografia de Rarindra Prakarsa

3 comentários:

Elliana Garcia disse...

vim fazer uma visitinha virtual. Vc tem face?

Anônimo disse...

Todo retorno faz com que deixemos de ser pródigos de nós mesmos...

Ótima semana para você, Dalva!

Dalva Nascimento disse...

Obrigada a todos pela visita!

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