terça-feira, 10 de setembro de 2013

Mesa farta



Se o que me ofereces são cacos e pontas afiadas de culpa numa existência entre escombros e restos de um passado que me aprisiona e me quer à míngua, digo-te que não. Dentro de mim habita um ser fluído que, apesar de profundo, não aceita viver com as raízes fincadas neste terreno onde proliferam os ratos e as cobras de tuas promessas não cumpridas. Recuso também os espinhos e galhos secos dos teus descartes. Sou livre, carrego nos olhos asas que me alçam longe, adiante por caminhos que se bifurcam... e mais adiante se bifurcam de novo e por todos eles eu andarei, pois sou viva. Afasta de mim o cálice do pouco vinho da tua alegria e o prato das migalhas do teu desejo. Quero fatura - me alimentarei de meus próprios sonhos.

Dalva Nascimento


Imagem: Google. Desconheço a autoria.


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Um comentário:

Sylvio Mário Bazote disse...

Gostei da essência positiva do texto!

Que nossos pés trilhem caminhos que, se não puderem ser agradáveis, sejam ao menos produtivos. E que as asas de nossos olhos permitam que nosso espírito perceba a beleza da jornada.

Parabéns pelo texto, pequeno e eficiente.

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