Com gosto de nunca mais na boca, correu prá geladeira e
mordeu uma manga bem doce. Mordeu com vontade, deixando de propósito que o
néctar doce escorresse pelos cantos da boca, caísse pelo queixo e encharcasse a
roupa. Só para ter a impressão de que tanta doçura seria capaz de amenizar o
fel que sentia. O doce da fruta se agarrava nos seus lábios, e ia boca adentro,
irrigando e perfumando seu hálito. Ela queria era que ele chegasse no seu coração salgado, que boiava em um lago de
grandes e grossas lágrimas, agitado pelo vento frio que sopra da solidão, este
sentimento tão azedo que, misturado ao doce da fruta, congela o seu dia de hoje,
agridoce.
Dalva Nascimento
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Com base no trabalho disponível em http://infinitoparticulardalva.blogspot.com.br/.
4 comentários:
Que texto lindo.
Beijos, @_RayPereira
http://porredelivros.blogspot.com.br/
Querida amiga,
eu que continuo de blogues, apesar da febre Fb que por aí grassa...adorei este texto, tão poético!
Beijinho grande.
Sempre surpreendendo!
Continuo apreciando muito seus textos
Abraços
Silvia
*Dalva, que TRISTEZA rica e
sensualmente BEM NARRADA !!! O.O
*Parabéns pra Você !!! :)
*Bravo ! \O/
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