Caminhar no final do dia tem seus desencantos. Prefiro caminhar pela manhã, quando os céus são mais limpos e as almas mais leves. Meu bairro é bem residencial, e a noitinha é hora da volta prá casa. Pode o céu estar azul, as árvores verdes, as flores multicores, mas as pessoas geralmente estão cinzas. Quando passam por mim, parece que sopram um vento, sempre levando alguma coisa... cabelo, papel, vestido. Dor. Essa minha mania de olhar demais para as coisas. Para as pessoas, também. Nos olhos há dor demais. Vive-se num mundo de amores imperfeitos. Os olhos molhados da chuva da saudade. Nos bolsos, fotografias rasgadas, bilhetes pelo avesso. Esperam-nos uma casa onde sempre sobra um lugar na mesa, um travesseiro na cama, um rosto no espelho. Mas há sempre aqueles CDs com letras tristes escorrendo pela sala. Rimas pobres nos poemas que escrevem. Há tanto grito, tanto palavrão. Tanta mentira, calúnia, traição. Tanto remorso. E ainda dizem que fazemos tempestade em pequenos copos.
Dalva Nascimento
Crédito da imagem: Arte Aleksandras Siekstele
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Com base no trabalho disponível em http://infinitoparticulardalva.blogspot.com.br/.
3 comentários:
*Dalva , a humanidade anda triste
e doente ! Essa é a verdade !!!
Bom, eu sou saudável e alegre !
Mas, para ser assim, hoje, creio
firmemente em Deus e sou CATÓLICA
APOSTÓLICA ROMANA PRA-TI-CAN-TE
e, sem ser beata e fanática ! ,
confesso : só JESUS nos salva de
tantas tristezas profundas, almas
secas e olhaares opacos !!!
*Bom domingo, amiga.
*Fiques com Deus.
*Um abraço.
*P.S. - *Ah, gostei da sua foto aqui
!!! :))
Também sinto que as manhãs, com suas promessas de renovação, são mais agradáveis e produtivas do que os crepúsculos, que apesar de belos, enterram a energia do Sol na escuridão.
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