terça-feira, 10 de maio de 2016

Sim




Sempre no primeiro casamento das manhãs de sábado, na igreja perto de casa, uma velha senhora assiste, do lado de fora e a uma confortável distância, a ansiedade da noiva com um buquê de margaridas entre os dedos. Nem bem a marcha nupcial começa a soar e ela vai embora, levando suas flores. Em um sábado, ao visitar a memória de um amigo que se foi cedo demais, deparei-me com a velha senhora depositando suas margaridas. Não rezou, muito menos prestou reverência. Disse apenas uma palavra e se foi. No túmulo, estava gravado um nome que, se estivesse vivo, teria seus 82 anos. Não ouvi direito o que disse, mas sinto uma certa alegria melancólica em acreditar que foi “sim”.

Leonardo Sakamoto

Um comentário:

Sylvio Mário Bazote disse...

Texto de uma beleza triste ou uma tristeza bela!
Boa(s) forma(s) para definir também a vida de muita gente...

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