quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Manhã psicodélica

 

Sonhei colorido, algo meio lisérgico, meus irmãos apareceram jovens e bonitos me puxando para uma dança em paisagens desconhecidas e psicodélicas. Também me aparentava jovem, creio que o destino era algo festivo, dos anos 70. Acordei assim, recém saído de um show de Woodstock, que nem fui explicitamente ligado, aliás gosto muito pouco de rock, não é lá minha praia, enfim, deve ter seus motivos inconscientes, a mente, para me lançar nesta pirotecnia de imagens, o certo é que acordei e quis rever Jimi Hendrix tocando o hino americano para certificar-me que ele, em determinado momento, distorce o hino e promove algo como uma rajada de metralhadora que fazia referência direta aos ataques contra o Vietnã e, sim, está lá na filmagem, o hino rasgado por sons de guerra. Uma lembrança vaga, que reconstatei e há tempos não me lembrava do feito.

Genial, evidentemente. Um protesto integrado indissoluvelmente à arte. 
(...)

Dai, sei lá, roncou a barriga, roncou de fome. Mudei de perspectiva e tratei de preparar algo para o café do dia nascente. Sem cores, tudo enevoado, penso que será um dia chuvoso.

Olhei o que tinha, caraca, só um abacaxi macambúzio na fruteira. Peguei uns ingredientes e preparei um bolo de abacaxi, que está assando, tenho que escrever este treco logo, senão vai queimar o petisco. Com a sensação de que o meu domingo começa bem modesto, bolo de abacaxi e café, mais nada. Tá bom, não precisa muito parangolé pra matar a fome. A ideia é: se não chover, visitar primos para buscar frutas na roça. E atravessar o Murici, ver os gaviões carrapateiros. Quando posso, vou aos domingos. Nada de psicodelismo ou festa ou genialidades. O comum, e me basta.


José Antonio Abreu de Oliveira




Crédito da imagem: cartaz de arte da Trippy Jimi Hendrix Psicodélico

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