terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Uma história de Natal


Com meus desejos de um Santo e Abençoado Natal, deixo vocês esta noite com uma história de um de meus proseadores preferidos... 

Boas festas! 
🎄🎅



Certa vez, prometi um presépio de presente para uma amiga muito querida e, naquele momento, com grave problema de saúde. Sabia que ela sempre sonhara adquirir um presépio, mas por um motivo ou outro, adiava a compra. E assim, já com sessenta anos, ou mais, ainda não montara a creche santa, que tanto desejava. Fui visitá-la, poucos dias antes de sua internação hospitalar. Prometi levar um pequeno presépio para ela.

Dentro do carro, lembrou à faxineira: 
- O Zé vai me trazer um presépio, guarda bem, que ainda quero montá-lo no Natal!

Aquela haveria de ser a última viagem para tratamento, minha amiga não resistiu e partiu deste mundo, deixando-nos entristecidos por tão precoce e irremediável despedida.

Em decorrência do havido, naquele ano não comprei o que havia prometido, mas em meu coração se instalara uma espécie de desassossego, não sei bem explicar, como se as montanhas não devolvessem o eco, algo retido em meu interior, que já não era meu e deveria ser devolvido ou entregue ao dono ou a quem de direito, um sentimento que não conseguia nominar claramente. Uma ação necessária de se cumprir, ainda não completada em sua total extensão.

Este ano, passarei o Natal na casa da filha dessa minha amiga.

Lembrei-me de levar o presépio.

Era isso. Precisava entregá-lo. Não por culpa, ou obrigação. Talvez porque era um afeto que necessitava ser expresso. Deve ser isso. Vou levá-lo com profunda alegria e emoção para a casa onde deveria estar desde sempre.

Há promessas que são mais que promessas. É um encontro com nosso afeto vivo, que tem mais a ver conosco que com o prometido.

José Antonio Abreu de Oliveira




Crédito da imagem: meu presépio






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