quarta-feira, 2 de março de 2022

Do ato de envelhecer



"Precisamos aprender a envelhecer... envelhecer com respeito, com amor, com uma dose a mais de paciência... há que se acrescentar uma dose de alegria, já que sem alegria a vida fica árdua, amarga, pesada demais... Às vezes, na nossa teimosia, nos tornamos impacientes, intolerantes... mas sempre é tempo de rever valores, de reavaliar percursos, de reformular decisões... Que as nossas verdades, que as nossas certezas sejam apenas nossas e que não cometamos a heresia de querer impô-las a mais ninguém.

Precisamos também que as pessoas ao nosso redor nos deixem envelhecer à nossa maneira, do nosso modo, com o nosso ritmo, sem grandes cobranças, sem pressões de qualquer espécie. Isso, nós temos que ensinar a elas e, bem sabemos, acaba sendo um aprendizado lento.

Estamos numa idade que conta com incontáveis jornadas já percorridas, com infinitos passos dados acertada ou não acertadamente. Mas isso já não importa tanto agora. O que importa é que saibamos aproveitar os dias que nos restam e administrá-los com um sabor de vida, com as cores da nossa imaginação, enquanto ainda há brilho em nosso olhar. Que não nos escape nenhum pormenor, nenhuma particularidade. Cada coisa, mesmo mínima, tem relevância e faz uma grande diferença.

Que tenhamos a companhia das pessoas que nos querem bem, que nos permitem as nossas pequenas extravagâncias, a realização de algum desejo que no seu tempo devido não aconteceu. Na nossa idade, cada dia não é um dia a mais, mas um dia a menos... que esses dias sejam permeados por boas lembranças, boas companhias, bons momentos.

Que possamos escolher quem nos rodeia, não importa a idade, ou a condição social. Que evitemos quem nos oprime de qualquer maneira.

Paira no nosso horizonte um prenúncio de pôr-do-sol. É a vida que cumpre o seu ciclo. Que possamos ser, nestes dias que nos restam, minimamente felizes."

 

         Joel Cardoso

                        


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