Quando atravessei a porta do desembarque
no Aeroporto de Guarulhos, na noite desta sexta, uma mulher, destoava
do clima festivo que permeia, por regra, os desembarques de aeroportos.
Ela chorava em silêncio, provavelmente esperando alguém.
Doeu
ver a cena. Pois não eram lágrimas redentoras de quem imagina o que
virá, mas um choro doído e sem contrastes de quem simplesmente não sabe.
Nunca
consigo fazer as pazes com o relógio, mas desta vez, o olhar da moça
triste que esperava algo me fez esperar. Pedi um café e fiquei a uma
distância segura, tratando de roubar um pedacinho da vida dela.
Não
olhou no relógio ou buscou as horas no celular. Não checou atrasos ou
cancelamentos no painel luminoso. Não se importou com longos beijos dos
casais, famílias que se abraçavam em roda ou manifestações de apreço de
amigos antigos. Ficou agarrada à bolsa, como quem se entrega a uma boia
em dia revolto depois de lançada ao mar. Vez ou outra, quando percebia
que alguém a olhava, corria para enxugar as lágrimas com um lencinho
amarelo, borrando de raspão a maquiagem.
Quase
uma hora se passou até que ela, resignada, se deu por vencida e foi
embora. Tomei o meu rumo, logo em seguida, colocando o relógio para
correr. Nunca saberei o que ela esperava encontrar.
Mas, sinceramente, isso importa?
Leonardo Sakamoto
Imagem da Web
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