Se eu não fosse eu seria saudade…
Sim, saudade!
Faria doer, faria chorar, pegaria coraçãozinho por coraçãozinho e apertaria atéeee fazê-lo ficar miudinho. Faria disso um hobbie, sairia todas as noites para bater na porta do maior número possível de pobres sedentos de qualquer sentimento. Vestiria o traje dos velhos do saco, da infância, e teria um saco (lógico!). Estaria sempre munida de cheiros (os mais variados e marcantes), lágrimas (as mais doídas e saudosas), beijos (infinitos e de breve demonstração), imagens (as melhores, mais felizes e as piores, inacreditáveis).
E meu hobbie viraria rotina, surgiria todas as vezes que a chuva caísse, toda vez que a energia acabasse, toda vez que uma viagem muito esperada se concretizasse, que uma música especial tocasse, que uma data importante chegasse. Até que todos me odiassem…
E depois, de ter apertado todos os coraçõezinhos e molhado todos os travesseiros, estaria pronta para voltar a cada um deles e tirar-lhes a saudade. E iria embora, feliz.
Marcella Rarumi
Arte de Michael Morgenstern
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