quarta-feira, 16 de março de 2011

Acabou!


Com o desfile das campeãs, no sábado, acabou o carnaval no Rio.


Minha amiga Vera, carnavalesca autêntica, não perdeu um dia de folia. Desfilou em diversos blocos e em duas escolas de samba. Ela não consegue entender como eu não me empolgo por esta festa cheia de brilhos, purpurinas, confetes e serpentinas... Ela está enganada: eu adoro o carnaval! Quatro dias de feriado... e não perco tempo: escolho logo um local no mapa, bem longe da “folia” e vou me embora rapidinho! Neste ano subi a serra e me “escondi” numa fazenda bem longe de todo reboliço. Sequer ouvi o som de um reco-reco, de um atabaque... nem sei se esta ou aquela escola de samba ganhou ou perdeu...

Eu e minha amiga Vera tivemos dias bem diferentes...

Sexta-feira à noite:
- Vera, vestida com sua colombina cor de rosa, toma a primeira cerveja antes de começar o baile à fantasia na boate.
- Eu chego na fazenda no finalzinho da tarde e tenho o privilégio de assitir a um por do sol caprichado.

Sábado pela manhã:
- Vera está tomando sua décima cerveja e beijando um pierrot que conheceu no baile. Depois vai prá casa, cai bêbada e cansada na cama, não consegue nem tirar a fantasia.
- Eu acordo com o sol entrando pelas cortinas do quarto, me espreguiço, viro de lado e vou dormir mais um pouquinho.


Sábado a tarde:
- Vera acorda com a cabeça ainda rodando e aquele gosto de guarda-chuva na boca. Mas nada como uma cerveja para curar uma ressaca: ela bebe então, a sua primeira cerveja do dia.
- Eu estou terminando um almoço delicioso preparado na cozinha a lenha do restaurante da fazenda, com direito a doce de mamão caseiro de sobremesa.

Sábado a noite:
- Vera chega na concentração no Sambódromo e veste sua fantasia para desfilar na primeira Escola de Samba. A entrada na avenida atrasa e ela está apertada para fazer xixi. Mas não dá tempo de ir ao banheiro... imagine, então, como ela se alivia?
- Eu assisto com o maridão um DVD daquela comédia romântica que fez o maior sucesso no cinema há pouco tempo.

Domingo pela manhã:
- Vera está chegando em casa embriagada e faminta depois da esticada na quadra da Escola de Samba, mas está tão cansada... nada de comida, nada de banho: cai na cama totalmente atordoada.
- Eu me aqueço ao sol da manhã na rede da varanda, com direito a suco de framboesa.

Domingo à tarde:
- Vera, depois de acordar com a cabeça martelando, engole um comprimido e prepara um pacote de miojo com queijo parmesão para o almoço... e sai correndo para o bloco que já está concentrado na esquina da rua.
- Eu pedalo a tarde inteira, sentindo o vento fresco no rosto e o perfume da mata que rescende a eucalipto.

Domingo à noite:
- Vera chega de novo ao Sambódromo e veste a fantasia para desfilar na segunda
Escola de Samba. Enche o pé machucado de esparadrapo para conseguir subir na sandália dourada com salto 15.
- Eu e o maridão tomamos vinho e ouvimos Vander Lee.

Segunda-feira pela manhã:
- Vera chega em casa meio zonza e tem que literalmente lutar com o seu companheiro folião para convencê-lo de que ele não vai entrar no seu apartamento.
- Eu reservo esta manhã especial para um mergulho na piscina e para ficar “jiboiando” ao sol, com direito a água de coco com canudo.


Segunda-feira à tarde:
- Vera, com o pé ainda machucado e a cabeça já cheia de cerveja, veste seu shortinho e capricha no decote: vai arrasar no bloco do bairro vizinho.
- Eu balanço na rede da varanda, e termino de ler o livro que trouxe como companhia.

Segunda-feira à noite:
- Vera e a turma vão para a boate e passam a noite toda dançando, jogando confete para o alto e bebendo cerveja.
- Eu e o maridão vamos ao restaurante da fazenda e nesta noite ouvimos música popular brasileira ao vivo, cantada por um cantor que tem a voz que faz lembrar o Milton Nascimento, com direito a champanhe.

Terça-feira pela manhã:
- Vera chega em casa com os pés doendo e a cabeça rodando. Mais uma vez cai exausta na cama...
- Eu aproveito a manhã para fazer uma caminhada pela estrada calma e tranqüila da fazenda, com direito a canto de passarinho.

Terça-feira à tarde:
- Vera, depois de comer seu almoço de miojo com salsicha, se prepara para mais um dia de folia: o bloco hoje é da pesada, e ela precisa arrasar... afinal, já é terça-feira, e o carnaval está acabando.
- Eu, depois de um almoço saboroso, vou tirar uma soneca.

Terça-feira à noite:
- Vera se veste de odalisca, pois hoje tem baile a fantasia na casa de uns amigos. Ela passa a noite inteira dançando, tomando cerveja, jogando confetes para o alto e tentando escapar de um carinha chato que grudou no seu pé.
- Eu e o maridão vamos ao restaurante da fazenda: a noite está perfeita para dançar.


Quarta-feira de cinzas pela manhã:
- Vera chega em casa bêbada e mais uma vez vai para a cama sem conseguir sequer tomar um banho. E o pior: se esquece que hoje, ao meio dia tem que voltar ao trabalho, e dorme a tarde toda.
- Eu e o maridão arrumamos as malas, pegamos a estrada e voltamos, renovados, para a vida comum. Chego e estranho a cidade: as ruas estão mais sujas e mal cheirosas do que nunca...


2 comentários:

Tucha disse...

Meu carnaval foi mais no seu estilo que no da Vera (rs,rs,rs), esta diversidade é boa, a alegria de cada um vem de fontes diferentes.

Carolina disse...

Hahahah Dalva adorei o comparativo,eu já tive meus dias de Vera e de Dalva também...Este ano fui pra praia curtir numa casa com 7 adolescentes entre 16 a 18 anos,amigos da minha filha. Imagina a farra que foi pra nós,adultos. Me diverti muito,mas não pulei não. Só curti dias de sol e a farra dos menores.

bjão

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