segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Escrevo...



Não sei qual foi o dia da semana em que nasci. Sei que foi à noite, às 20 horas. Não sei se chovia, se era noite clara, com lua. Mas de uma coisa eu sei. Nasci com uma camada muito fina de epiderme. Tenho os nervos muito expostos. Com pouca ou nenhuma proteção, estão à mercê de tudo. E de todos. Por isso tive a vantagem de ter, com minha avó, que me criou, um relacionamento muito íntimo... eu era muito mais sensível ao carinho do que as outras crianças. Daí a razão desses meus olhos que vazam tanto, quando estou diante de carinhos e doçuras. Não só os carinhos, mas também as dores. Sempre fui intensa no sentir. Prazeres os mais plenos e dores as mais pungentes. Sensíveis na pele, não apenas os meus, mas os dos que me são caros. Sofro por eles suas dores e me alegro com seus prazeres, daí essa facilidade de compreender a alma. Sei pouco do que me reserva o futuro, ando na fé do que Deus reserva para mim. Mas sei que nasci para transcender, para amar e, amando, sofrer. E sei que Ele, em sua grande sabedoria, apiedado de mim, cobriu-me com uma espécie de véu... leve, vaporoso, diáfano e óbvio. Um véu para me proteger dos meus excessos, que derrama sobre mim apenas palavras e que, ao sabor do vento, me sopra, nos ouvidos, como brisa leve: escreve...

Por isso, obedeço. Escrevo.
Não me calo.

Dalva Nascimento



Crédito da imagem: We Heart It

Licença Creative Commons
Este trabalho foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://infinitoparticulardalva.blogspot.com.br/.



Um comentário:

Tucha disse...

A sensibilidade pode nos deixar mais vulneráveis as intempéries da vida, entretanto podemos vibrar mais com as alegrias, com a beleza, com o carinho.

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