Não chove desde dezembro. O céu é de um azul retinto, sem nenhuma nuvem pincelando a tela. No finalzinho da tarde, ela pega a mangueira e vai molhar a grama. Sempre com os pés descalços. Delícia sentir os dedos dos pés entrando pela água que no início é morna, depois vai ficando fria. O cheiro da terra molhada, a textura da grama sob os pés - chovia de mentirinha na grama, mas o céu continuava azul, sem uma nuvem sequer. Ela não perde a esperança de olhar para cima, pisando na grama verde e alegre. Mas nada. Fica triste. Volta para casa de cabeça baixa. Vai dormir com a sensação de que aquela nuvem em formato de coração que viu uma vez, deitada na grama ainda seca, antes do verão, foi levada embora prá sempre.
Dalva Nascimento
Crédito da imagem: Revista Super Interessante (http://super.abril.com.br/galerias-fotos/nuvens-formatos-inusitados-731302.shtml#1)
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