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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Gatos em casa


"Não há necessidades de esculturas numa casa onde vive um gato."

Wesley Bates


Fotografia daqui


Dentro adoram, pode ser gaveta, armário, cesta, saco de compras e principalmente caixa de papelão; dentro redondo, então, é irresistível, mesmo que seja pirex ou embalagem de sushi.

Fora para tomar sol, paquerar passarinho, sentir o vento passar no nariz trazendo histórias nos cheiros.

Em cima dos guarda-roupas, das prateleiras de louça, da televisão com o rabo bem no meio da tela, do monitor do micro, dos livros ou do jornal que a gente está lendo: dormem e fazem charme.

Embaixo de cama, poltrona, sofá, colcha, tapete, para dar o bote quando a gente passa; e do lençol, quando a gente quer arrumar a cama.

Junto conosco na cozinha em qualquer circunstância.

Longe do aspirador, do liquidificador, de qualquer coisa que faça barulho e do veterinário, que também termina em dor.

Perto de parapeitos, beirais, janelas e outros lugares que deixam a gente de coração na mão.

De papo pro ar, quando faz calor, patinhas largadas ao léu.

Na gente de noite, quando faz frio: por cima e por baixo das cobertas, no meio das pernas, no meio das costas, em cima da barriga, do lado do corpo, ninguém consegue mais se mexer: humanos cercados de gatos por todos os lados.

Tomando banho em grupo, todo mundo lambendo todo mundo, com muita saliva, muito som, as orelhinhas ficam encharcadas.

No chuveiro vendo aquelas milhares de coisinhas brilhantes (1) se mexerem (2) fazendo barulho (3): três coisas que gato ama.

No bidê bebendo água corrente com a língua a mil por hora.

Em cima da cristaleira paquerando a mesa do almoço, de barriguinha cheia e morrendo de sono, mas ... "Quem sabe tem uma coisinha ali pra mim?"

Mordendo as perninhas traseiras da gata: o gato, quando quer que ela desocupe o lugar.

Correndo a mil pela casa, Tom e Jerry ao vivo e a cores, e ai dos vasos!

Comendo com os olhos os pombos que passeiam displicentemente debaixo do nariz deles pelo lado de fora da rede.

Caçando passarinhos no oitavo andar, vitória que só um gato muito contemplativo, calmo, concentrado e sortudo como Bigode consegue obter sem despencar lá embaixo.

Fascinados por baratas: uma delas rende duas horas e meia para três gatos. O jogo é uma espécie de futebol em que a bola está viva. Termina quando acabam as pernas. Da barata.

Sonia Hirsch
do livro "Os Gatos"




sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Simplesmente gatos


E porque hoje é sexta-feira, dia de todos os gatos... apreciem este texto delicioso...

de Artur da Távola



Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mas inquietantes, talvez por isso... nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece. O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis.


Lembrei, então, de dizer, dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu. Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado?



Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor? Quem sabe São Francisco de Assis não está por trás do Mago Merlin, soprando-me o artigo? Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula.


Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso.
"Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor.
Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.


O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio e espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer.


Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige. Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês.


Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério.
O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência.


Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado.
É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento. O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós). Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, ele se afasta.


Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que "ele não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir. O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge portátil à disposição de quem o saiba perceber.


Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas. O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato!


Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo ( quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo. O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo. Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio.Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones.
Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências. O gato é uma chance de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à disposição do homem.


Crédito das Fotografias: Flickr



terça-feira, 30 de novembro de 2010

Como dar um comprimido a um gato


Não há nada de complicado nisto! Siga os 15 conselhos a seguir e... seja feliz!

I
Pegue o gatinho e aninhe-o no seu braço esquerdo como se segurasse um bebê, tendo o comprimido na palma da mão esquerda. Coloque o indicador e o polegar da mão direita nos dois lados da boquinha do bichano e aplique uma suave pressão nas bochechas. Quando o felino abrir a boca, pegue rápido o comprimido da palma da mão esquerda e atire-o lá para dentro. Deixe o gato fechar a boquinha e engolir.

II
Recupere o comprimido do chão e o gato de detrás do sofá. Aninhe o gato novamente no braço esquerdo e repita o processo.

III
Vá ao quarto buscar o gato e jogue fora o comprimido meio desfeito.

IV
Retire um novo comprimido da embalagem, aninhe o gato no seu braço, segurando firmemente as patas traseiras com a mão esquerda. Obrigue o gato a abrir a mandíbula e empurre o comprimido com o indicador direito até o fundo da boca. Mantenha a boca do gato fechada e conte até 10.

V
Recolha o comprimido de dentro do aquário e o gato de cima do guarda-roupa. Chame a sua esposa (marido) para ajudar.

VI
Ajoelhe-se no chão, tendo o gato firmemente preso entre os joelhos. Segure as quatro patas. Ignore os rosnados ameaçadores do gato. Peça à sua esposa (marido) que segure firmemente a cabeça do bichinho com uma mão e force a ponta de uma régua para dentro da boca do gato com a outra. Ela deve deixar rolar o comprimindo pela régua e esfregar vigorosamente o pescoço do gato.


VII
Desça o gato de cima da cortina e retire outro comprimido da embalagem. Tome nota mental de que precisará adquirir outra régua e mandar consertar as cortinas. Cuidadosamente varra os cacos das estatuetas e dos vasos do meio da sala e guarde-os para colar mais tarde.


VIII
Enrole o gato numa toalha grande e peça à sua esposa (marido) que se deite por cima de forma a que apenas a cabeça do gato apareça por debaixo do sovaco dela (dele). Instale o comprimido na ponta de um canudinho, obrigue o gato a abrir a boca e mantenha-a aberta com um lápis atravessado. Assopre o comprimido do canudinho para dentro da boca do gato.


IX
Consulte a bula para verificar se comprimido de gato faz mal a ser humano. Tome uma cerveja para lavar o gosto da boca. Faça um curativo no antebraço da sua esposa e remova as manchas de sangue do carpete com água fria e sabão.


X
Retire o gato do galpão do vizinho. Pegue outro comprimido. Abra outra cerveja. Coloque o gato dentro do armário e feche a porta até o pescoço de forma que apenas a cabeça fique de fora. Force a abertura da boca do gato com uma colher de sobremesa. Jeitosamente, utilize um elástico como atiradeira para lançar o comprimido pela garganta do gato.

XI
Procure uma chave de fenda e ponha a porta do armário novamente no lugar. Tome a cerveja. Procure uma garrafa de cachaça. Tome um traguinho. Aplique uma compressa fria na bochecha e verifique a data da sua mais recente vacina contra tétano. Aplique uma compressa de cachaça na bochecha para desinfetar. Tome mais um traguinho. Jogue a camiseta no lixo e procure outra no quarto.

XII
Ligue para os bombeiros, pedindo que venham retirar o desgraçado do gato lá de cima da árvore do outro lado da rua. Peça desculpas ao vizinho que se machucou ao tentar desviar-se do gato em fuga. Retire o último comprimido da embalagem.


XIII
Amarre as patas da frente às patas de trás desse danado e prenda-o firmemente à perna da mesa de jantar. Nas mãos, ponha luvas de couro. Do quintal, puxe a mangueira. Empurre o comprimido para dentro da boca da besta, seguido de um pedaço de carne. Segurando firmemente a cabeça desse terror felino, mande-lhe meio litro de água goela abaixo, para que o comprimido desça.
XIV
Tome o que sobrou da cachaça. Peça à esposa que o leve ao pronto-socorro mais próximo. Agüente firme enquanto o médico lhe costura os dedos e o antebraço e retira os restos do comprimido de dentro do olho direito. Lembre-se: "homem não chora". A caminho de casa, use o celular para falar com as casas de móveis para se informar sobre o preço de uma nova mesa de jantar.


XV
Peça à Liga de Proteção aos Animais que mandem um funcionário com urgência para recolher o raio desse bichinho mutante. Ligue para a loja dos animais e pergunte se eles têm tartaruguinhas para vender.


[desconheço a autoria do texto]



quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Gatos - "modo de usar"

"O gato chega à porta do quarto onde escrevo.
Entrepara... hesita... avança...
Fita-me.
Fitamo-nos.
Olhos nos olhos..."
(Mário Quintana)
 
 
 
"O menor dos felinos é uma obra-prima"
(Leonardo da Vinci)
 
E quem resiste? Charmoso e sedutor, o gato, se comparado ao cão, foi um animal que demorou a ser domesticado. Primo distante dos grandes felinos selvagens, nem por isso perdeu as características originais: o caminhar silencioso e delicado, o poderoso instinto de caça, as unhas retráteis.
O gato me intriga, com sua beleza e seus mistérios. Há quem diga que tem sete vidas... e que gato de pelo preto dá azar. São muitas as crendices e folclore sobre esses bichanos. Eles são mesmo fascinantes e por trás de seus olhos brilhantes existem muitos mistérios...
 
 
Terá ele sete vidas?
Gato só tem uma vida – e bem menor que uma vida humana. Vive entre 10 e 15 anos. Essa crendice das 7 vidas vem da capacidade que eles têm de sobreviver a situações de perigo: são capazes de sair ilesos de uma grande queda, graças ao “efeito planador” que ele consegue quando abre bem as quatro patas e aumenta o atrito com o ar, amortecendo o tombo.
 
 
Gatinhos precisam tomar leite?
Só se for da mãe deles e apenas enquanto eles forem bebês. Muita gente alimenta filhotes com leite de vaca. O resultado é desastroso: como o estômago dos felinos não digere lactose, o leite costuma causar diarréia, a maior assassina de gatinhos recém-nascidos. Por isso, nada de oferecer leite de caixinha ao seu bichano. Se ele ainda não tiver dentes, dê ração sólida para filhotes, umedecida em água filtrada.
 
Gato preto dá azar?
Nem todo mundo acredita nisso. No Japão e na Inglaterra, quando um gato preto atravessa o caminho, é um sinal de sorte. Aqui no Brasil, o felino preto paga o preço de ter sido associado à bruxaria durante muitos anos. Por conta dessa crença boba, as entidades protetoras dos animais vivem cheias de filhotinhos pretos encalhados, à procura de um dono carinhoso que não ligue para superstições.
 
 
Quando ele fica de barriga para cima...
Esse é um mimo guardado a donos muito queridos. Afinal, gatos são reservados quanto às suas partes íntimas e não saem por aí mostrando a barriga para qualquer um. Esse é um sinal de que eles estão seguros e confiantes.
 
 
Se ele arrepia os pelos...
As pessoas costumam sentir medo ao ver um gato com pelos eriçados ao longo da espinha e do rabo. E elas têm toda razão. Estufar a pelagem é uma maneira que os bichos encontram de parecer maiores e mais ameaçadores. É encrenca na certa!
 
 
E se ele balança o rabo...
Movimentos descontraídos indicam gato satisfeito. Se ele insistir em colocar o rabo em cima da revista que você está lendo, está tirando uma com a sua cara. Já uma cauda agitada é o último aviso antes de um arranhão.

 
"Vem cá, meu gato, aqui ao meu regaço!
Guarda essas garras, devagar, e nos teus belos olhos de ágata e aço deixa-me aos poucos mergulhar.
Quando os meus dedos cobrem de carícias a tua cabeça e dócil torso e a minha mão se embriaga nas delícias de afagar-te o elétrico dorso, em sonho a vejo. O seu olhar, profundo como o teu, amável felino, qual dardo que dilacera e fere fundo, e, dos pés à cabeça, um fino ar sutil, um perfume que envenena envolve-lhe a carne morena."
(Charles Baudelaire)
 
 
Photo by Toni Schneiders, 1950

 

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